O programa Lojas com História da Câmara Municipal de Lisboa viu encerrarem 32 locais. Diz o vereador da Cultura que neste momento há 154 lojas com este estatuto e que se está a trabalhar na alteração ao regulamento do programa para aumentar a possibilidade de distinção.

Um dos problemas apontados pelos críticos à situação atual é precisamente o espartilhado critério para conceder o estatuto de loja com história a um determinado comércio. Mas não só.

O problema das rendas é, eventualmente, a questão mais crítica, como no caso do restaurante Bota Alta, no Bairro Alto, que de 1.300 passou para 11 mil euros. Talvez seja necessário articular a atribuição do galardão com a salvaguarda dos espaços, principalmente em bairros típicos da cidade, que são os mais apetecíveis para o mercado imobiliário.

Ver a possibilidade de terem garantias que permitam aos senhorios não serem prejudicados financeiramente, mas também aos espaços históricos de comércio tradicional e identitário da cidade sobreviverem. Isso passa muito pela responsabilidade camarária quanto a licenciamentos comerciais. Porque, afinal, quais são as vantagens de terem reconhecimento por parte da CML de serem lojas com história se, de repente, deixam de existir? Que garantias lhe dá esse estatuto? Na realidade, e pelos vistos, nenhumas. Esse distintivo poderá ser um chamariz para o turismo, mas não é suficiente. Veja-se o que aconteceu com A Vida Portuguesa.

E, aos poucos, a Lisboa que era uma joia e que mantinha uma identidade própria vai desaparecendo. Porque o desvanecimento dessas lojas faz com que a cidade perca, aos poucos, o que a caracterizava. E quando acordarem será tarde demais.

Professora universitária

Artigo publicado na edição do NOVO de sábado, dia 13 de janeiro