O porta-voz do Livre justificou esta quarta-feira, 5 de junho, o voto contra a nova tabela de taxas dos escalões do IRS propostas pelo PSD e CDS-PP por ajudar “quem já tem mais” e avisou que é preciso dialogar com a esquerda.
“Aquilo que o PSD nos apresentou em termos de IRS – e já toda a gente percebeu – é ajudar quem pode mais, ajudar quem já tem mais”, afirmou Rui Tavares, considerando que deixa “verdadeiramente à rasca” quem enfrenta dificuldades económicas.
Em declarações aos jornalistas no início do tradicional passeio de bicicleta do partido em Lisboa em campanhas eleitorais, o porta-voz do Livre justificou o voto contra o texto de substituição à proposta de redução de taxas inicialmente enviada ao parlamento pelo Governo, e que foi chumbado também com os votos contra do PS, PCP e BE e abstenção do Chega.
Em contrapartida, foi aprovada a proposta do PS sobre redução das taxas do IRS até ao 6.º escalão, que mereceu apenas os votos contra do PSD e CDS-PP e a abstenção do Chega.
“Qualquer conquista de progressividade no sistema fiscal é uma conquista que vale a pena apoiar”, sublinhou Rui Tavares, para quem a proposta dos socialistas era mais progressiva.
No entanto, o também deputado alertou que para “as verdadeiras conquistas que interessam à classe trabalhadora”, exigem mais trabalho conjunto.
“É preciso mais trabalho conjunto, é preciso vir falar com o Livre e com os outros partidos de esquerda”, disse Rui Tavares, que defende que as alterações fiscais devem ser complementadas com o aumento do salário mínimo.
“Se a esquerda quer dar sinais de que é preciso outra governação e quer apresentar propostas alternativas que deixem claro, perante o país, que a direita quer ajudar os que mais podem e que a esquerda quer ajudar a maioria dos cidadãos comuns deste país, então nesse momento é preciso contar com todos”, defendeu.
Questionado, por outro lado, sobre a votação do Chega, que se absteve nas duas votações, viabilizando assim a proposta do PS, Rui Tavares disse que o partido liderado por André Ventura “está numa posição muito equivoca”, entre a defesa dos grandes interesses económicos e um discurso virado para os cidadãos mais desfavorecidos.
“Quando nós apresentamos medidas, como uma proposta de aumento do salário mínimo, aí vamos ver como é que a extrema-direita se posiciona. Algum dia, vai ter de cair de um lado ou do outro e vamos ver, no fim, a quem é que lhes interessa beneficiar”, explicou.