Todos os dias, a pobreza habitacional é notícia e sempre pelas piores razões. As dificuldades em encontrar uma habitação digna são muitas, sobretudo nas zonas urbanas, e associados a esta, encontramos inevitavelmente graves problemas sociais e de saúde, potenciados por exemplo, pelo isolamento térmico insuficiente e a humidade persistente. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, nos últimos dez anos, o setor da habitação viu os preços dispararem quase 75% e, em 2022, 2,1 milhões de portugueses encontravam-se mesmo em risco de pobreza ou exclusão social.
Foi precisamente a consciência de que havia muito por fazer na área da habitação que levou os colaboradores do Lidl Portugal a escolherem este tema como foco de atenção da quarta edição do programa Mais Ajuda. Lançada originalmente em 2019, com o objetivo de constituir uma campanha de Natal solidária inovadora, esta iniciativa é todos os anos dedicada a temas sociais. Este ano, juntou-se a solidariedade dos clientes do Lidl Portugal que escolheram arredondar as suas compras durante o mês de dezembro, contribuindo com quase 50 mil euros, , valor que foi duplicado pelo Lidl Portugal, somando-se aos 300 mil euros já destacados pelo retalhista para apoiar a causa da habitação.
No total, ao longo das quatro edições, a cadeia de supermercados já contribuiu com 1.244.000 euros para apoiar projetos de inovação social. Segundo Ana Burmester, Responsável de CSR do Lidl Portugal, “o Mais Ajuda tem, de facto, um grande impacto na população, diferente das respostas tradicionais e demonstra que a capacitação e o trabalho em equipa têm de fazer parte do caminho para ajudar quem mais precisa”.
Casas para pessoas em situação vulnerável
Além de incentivar a solidariedade dos clientes, o programa Mais Ajuda passa também por desafiar startups, instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e outras entidades de empreendedorismo social a desenvolverem projetos inovadores com impacto, capazes de encontrar novas respostas para problemas sociais.
Entre as quatro instituições que, este ano, venceram o prémio, encontramos a Crescer. Criada em 2001, tem como grande missão a promoção da inclusão na comunidade da pessoa em situação de vulnerabilidade. Por esse motivo, os cem mil euros de prémio recebidos no âmbito do programa serão investidos no projeto-piloto “É Uma Habitação”, uma “resposta inovadora, que envolve a reabilitação de edifícios devolutos e a construção de novos prédios em terrenos não aproveitados”, explica Américo Nave, Diretor-Executivo da Crescer. Nas suas palavras, “de acordo com o modelo proposto, parte das habitações estarão acessíveis no mercado livre, enquanto o remanescente será destinado a habitação acessível para inquilinos provenientes de projetos Housing First”. A escolha deste público-alvo ficou a dever-se, refere Américo Nave, à “observação de que alguns inquilinos de projetos Housing First estão bem organizados e integrados na comunidade e no mercado de trabalho, permanecendo no projeto não por necessidade, mas devido à incapacidade de suportar os custos de arrendamento atualmente praticados”.
Também a Just a Change recebeu um cheque de cem mil euros por parte do Lidl Portugal, e são dois os objetivos que a associação sem fins lucrativos pretende concretizar com o valor do prémio. Desde logo, parte do valor será destinado à consolidação da expansão da organização, que no ano passado abriu um polo em Guimarães, onde no primeiro ano de atividades conta “reabilitar 15 casas de cerca de 23 beneficiários”, revelam Inês Gonçalves, da área de Impacto, Gonçalo Ferro, coordenador do Polo de Guimarães, e Rita Lucena, da área de Fundos, Financiamentos e Prémios. Por outro lado, pretendem levar a cabo a “consolidação do Impacto”, o que passará por “estabelecer uma rede de IPSS que ajude a acompanhar melhor cada beneficiário, atendendo às suas necessidades específicas”. O objetivo é “acabar este primeiro ano com 25 parcerias confirmadas para a rede”, especificam, sublinhando que “iniciativas como estas [do Lidl Portugal] são fundamentais para instituições sociais”, pois “trazem a atenção da sociedade civil para a causa em questão, dando a conhecer organizações com soluções e abordagens diferentes para o problema”.
Arquitetura para todos
Sediada em Montemor-o-Novo, a Cooperativa Integral Minga foi fundada em 2015 e, desde então, “tem vindo a desenhar o caminho para o desenvolvimento de um projeto de habitação cooperativa de propriedade coletiva”, denominado CHEE (Cooperativa de Habitação Económica e Ecológica). “No sentido de combater a especulação, este projeto promove habitação de baixo custo, materializada em técnicas construtivas vernaculares e/ou inovadoras de baixo impacto ambiental, com possibilidade de promoção de autoconstrução, influenciando o mercado local pela oferta de habitação de qualidade a preços justos”, esclarece Joana Trindade, Co-coordenadora na Secção de Habitação e Construção. Mais recentemente, a cooperativa fundou ainda a AOATAC (Agência de Organização de Apoio Técnico e Ajudas Construtivas), que é “uma espécie de ‘arquiteto de família’ não assistencialista, que pretende facilitar o acesso à arquitetura e à procura empoderada de alternativas para uma habitação adequada”. Em concreto, “o apoio financeiro do Lidl Portugal vai ser aplicado na profissionalização de funções que têm vindo a ser desenvolvidas de forma voluntária na Secção de Habitação e Construção, desde a sua fundação”, permitindo não só “reestruturar ambos os projetos”, como “permitir que estes cheguem a mais habitantes de Montemor-o-Novo”, explica.
Também no âmbito da arquitetura, a outra entidade vencedora é a Rés do Chão (R/C), que se propõe a “continuar a desenvolver projetos de arquitetura com participação cidadã para qualificação de espaços públicos em contexto de bairros de habitação pública”. Mariana Paisana, Gestora de projeto e arquiteta, estima que “poderão ser impactados mais de 9 mil beneficiários diretos em várias localidades, como Lisboa, Cascais e Braga, através do desenvolvimento de processos participativos e de projetos de arquitetura, que qualificam os espaços públicos e espaços comunitários de continuidade aos espaços habitacionais municipais”. Especificamente, a R/C propõe-se a “aplicar o apoio financeiro do programa Mais Ajuda para fortalecer a equipa e tornar os seus processos mais eficientes, estruturar uma comunicação mais eficaz, e criar uma rede de parceiros para aumentar o seu impacto e sensibilizar sobre a importância dos processos participativos no desenho da cidade”.
Capacitar as organizações vencedoras
De acordo com Ana Burmester, ao Lidl Portugal chegaram “candidaturas muito completas, de excelente qualidade e com um verdadeiro propósito nas suas missões”, razão pela qual “a escolha não foi fácil”. Tal “exigiu um rigoroso processo de avaliação e seleção de todas as candidaturas”, que contou com o apoio do Impact Hub Lisbon, o qual desenvolve projetos com entidades de impacto para promover um futuro mais sustentável e inclusivo, bem como os clientes que ajudaram a votar na shortlist de finalistas através da aplicação Lidl Plus.
Segundo Francesco Rocca, Diretor Executivo do Impact Hub Lisbon, este organismo colaborou com o Lidl Portugal no sentido de, em parceria, “desenharem e implementarem uma nova edição do programa, com o objetivo de apoiar as organizações vencedoras a atingir os seus objetivos estratégicos e a escalar o seu impacto”.
O pontapé de saída para este trabalho do Impact Hub Lisbon com as quatro organizações vencedoras, que decorrerá até dezembro de 2024, aconteceu nos dias 2 e 3 de março, aquando da realização de um bootcamp, no qual foram definidos os próximos passos de cada entidade, para que os objetivos traçados sejam alcançados. “Durante dois dias de imersão numa aprendizagem intensa, as organizações participantes receberam sessões de formação que abrangeram tópicos cruciais para expandir o seu impacto”, salienta o responsável, acrescentando que “consultores especializados nas áreas de marketing, comunicação, networking, vendas e financiamento forneceram orientações valiosas aos participantes”. Além disso, “as entidades vencedoras também puderam trocar conhecimentos, o que é essencial para a criação de um ambiente coeso de aprendizagem e partilha”, destaca.
Este conteúdo patrocinado foi produzido com a colaboração do Lidl.