A presidência russa não teme que Vladimir Putin seja detido na Mongólia durante a visita oficial da próxima semana devido ao mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI), de que o país asiático é Estado-membro.

“Não, não estamos preocupados. (…) Mantemos um grande diálogo com os nossos amigos da Mongólia”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, quando questionado hoje sobre a existência de receios quanto a uma eventual detenção do líder russo no país vizinho, acrescentando que “todos os aspetos da visita foram cuidadosamente preparados”.

A visita do próximo dia 3 foi anunciada esta quinta-feira pelo Kremlin, que fez saber que Putin irá encontrar-se com o homólogo mongol, Ukhnaa Khurelsukh, em Ulaanbaatar, com quem “trocará impressões sobre as relações bilaterais e a cooperação”.

O presidente russo viaja “a convite” de Ukhnaa Khurelsukh e vai “participar nas comemorações do 85.º aniversário da vitória conjunta das forças armadas soviéticas e mongóis sobre os militaristas japoneses” durante a Batalha de Khalkhin Gol.

Vladimir Putin e Ukhnaa Khurelsukh “trocarão pontos de vista sobre questões internacionais e regionais atuais”, acrescentou ainda a presidência russa, segundo a qual “vários documentos bilaterais” serão assinados nesta ocasião.

Trata-se da primeira deslocação de Putin a um país membro do TPI desde que o tribunal emitiu, no ano passado, um mandado de captura contra o presidente russo, por alegados crimes de guerra na Ucrânia, uma decisão criticada por Moscovo. A Mongólia assinou o Estatuto de Roma em 2000, antes de o ratificar em 2002. Cada Estado-membro é obrigado a prender qualquer pessoa no seu território que seja objeto de um mandado de detenção do TPI, como é o caso de Putin.

O Kremlin sempre rejeitou firmemente as acusações do TPI contra Vladimir Putin e Maria Lvova-Belova, comissária para os direitos da criança, devido à deportação de crianças das regiões ucranianas ocupadas por Moscovo na sequência da invasão lançada em fevereiro de 2022.

No entanto, Putin teve o cuidado de, durante quase um ano e meio, evitar viajar para o estrangeiro, por exemplo, faltando à cimeira dos BRICS, na África do Sul, em agosto de 2023, e depois à cimeira do G20 na Índia, em setembro do mesmo ano.

Por outro lado, visitou a China em maio, a Coreia do Norte em junho e o Azerbaijão em meados de agosto, mas nenhum destes países é membro do TPI.

A última visita do Presidente russo à Mongólia remonta a setembro de 2019.

No início de agosto, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, deslocou-se à capital da Mongólia, Ulan Bator, declarado como “um parceiro central” de Washington na região. Esta visita fez parte de um desejo declarado dos Estados Unidos de aumentar a sua influência neste vasto país, também cobiçado pelos seus rivais russos e chineses.