A Juventude Socialista da Área Urbana de Lisboa (JS FAUL) critica a proposta hoje apresentada pelo PSD, hoje apresentada na Assembleia da República, para regular a atividade das plataformas TVDE, como a Uber ou a Bolt, nomeadamente a implementação da possibilidade de os utilizadores poderem filtrar os motoristas através das línguas que falam.
Reconhecendo que a iniciativa pretende “facilitar a comunicação”, os jovens socialistas manifestam “preocupações sobre a sua eficácia e aplicabilidade”, considerando que a proposta “é populista e não aborda as questões reais que enfrentamos”, ao promover a “exclusão e discriminação, criando um ambiente de divisão num setor que deve ser inclusivo”.
“Esta proposta não só prejudica a igualdade de oportunidades para motoristas de diferentes origens, como também reflete uma retórica que se distancia dos valores democráticos fundamentais”, escreve a JS FAUL, em comunicado.
A JS FAUL critica “a crescente aproximação do PSD a posturas mais conservadoras, frequentemente alinhadas com o Chega”, sublinhando ser “fundamental reconhecer que os imigrantes são essenciais para o desenvolvimento do nosso país, contribuindo significativamente para a economia e a diversidade cultural” e que “o PSD não se pode aliar a extremos que fragilizem a inclusão e a convivência pacífica entre todos os cidadãos”.
Para a JS FAUL, o Governo deve “promover mecanismos de capacitação para todos os trabalhadores, sejam eles estrangeiros ou não”, nomeadamente através da “criação de mais vagas para cursos acessíveis de aprendizagem da língua portuguesa, com início em diferentes datas, para que todos possam ter a oportunidade de se integrar melhor na sociedade”.
“Promover cursos acessíveis ajudaria a construir uma sociedade mais coesa e respeitadora das suas diversidades”, acrescenta a JS FAUL. “Em última análise, será que uma medida populista, que apenas visa segmentar os serviços de transporte, realmente resolve os problemas de comunicação que enfrentamos?”, questiona.
A terminar, a JS FAUL convoca todos os partidos a “promover um debate que priorize a igualdade, a inclusão e o respeito por todos os cidadãos, evitando alianças que possam enfraquecer os valores democráticos em Portugal”.
Oito medidas para regular plataformas TVDE
O PSD apresentou hoje um projeto de resolução, com oito medidas, para regular a atividade das plataformas TVDE, recomendando ao Governo que acabe com a certificação dos motoristas nas escolas de condução, limitando-as ao IMT, e que os utilizadores das plataformas digitais possam escolher as línguas faladas pelo condutor “através de um filtro que mostra quais são as línguas faladas pelos motoristas”.
“Não estamos a exigir que os condutores de TVDE dominem o português, achamos que seria desproporcional nesta altura e injustificável do ponto de vista económico e da atividade, mas percebemos que há pessoas que o exigem, pessoas que querem falar português”, explicou João Vale e Azevedo, deputado do PSD, durante a apresentação do projeto de resolução.
