O Jornal de Notícias (JN) não vai chegar às bancas esta quinta-feira, a primeira vez em mais de 30 anos, no segundo dia da greve dos trabalhadores, que contestam o despedimento anunciado pela Global Media, anunciou uma delegada sindical.

“Está confirmado [pela direção] que, na quinta-feira, não vai haver JN nas bancas. O ‘site’ também está parado. A adesão à greve é de quase 100%”, assegurou a delegada sindical do jornal Rita Salcedas à Lusa.

Esta vai ser a primeira vez em mais de 30 anos que o JN, que tem publicação diária, não está nas bancas. “É uma situação muito complicada, que hoje ainda se tornou mais […]. Foi informado que o subsídio de Natal, que deveria ser pago amanhã [quinta-feira] vai ser pago em duodécimos”, referiu a delegada sindical.

O Global Media Group (GMG) também anunciou que vai avançar com “um processo de reestruturação de negociação de acordos de rescisão, com caráter de urgência, num universo entre 150 e 200 trabalhadores”.

Segundo um comunicado interno, assinado pela Comissão Executiva do grupo, esta decisão vai abranger as diversas áreas e marcas do grupo. A Global Media diz que com isto pretende “evitar um processo de despedimento coletivo”, opção que remete para “último caso”.

Meia centena de trabalhadores do Jornal de Notícias concentraram-se esta quarta-feira frente à redação do Porto para contestar o alegado despedimento de, pelo menos, 150 pessoas que, a concretizar-se, será “o mais gravoso de sempre”.

“Se se despedirem 40 pessoas no Jornal de Notícias [JN], que é quase metade da redação, vamos ficar a fazer um jornal com 30 ou 40 pessoas”, afirmou o dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e jornalista do JN Augusto Correia à margem da concentração, detalhando que o jornal tem cerca de 90 jornalistas, 78 no Porto e 11 em Lisboa.

“Enquanto agente sindical, enquanto jornalista e enquanto cidadão deste país, não quero nenhum jornal feito em condições deficitárias. Quero jornais de qualidade, quer televisões de qualidade, quero agências e rádios de qualidade”, enfatizou.

Os salários deste mês, cujo pagamento estava em atraso, começaram a ser liquidados na terça-feira, mas o subsídio de Natal ainda não foi pago.