Perante uma situação política internacional bastante frágil, com imprevisíveis eleições nos Estados Unidos dentro de escassas semanas, conflitos bélicos a deflagrarem agressivamente no Médio Oriente – envolvendo já vários países, alguns dos quais potências nucleares – e na Ucrânia, bem perto das fronteiras da União Europeia, por cá, neste, como em muitos outros, início de outono alimenta-se a “novela” de mais um Orçamento do Estado.
Instrumento fundamental para o planeamento, boa execução das contas e, consequentemente, das políticas públicas, este reveste-se, particularmente num quadro de Governo suportado por uma maioria relativa no parlamento, verdadeiramente essencial para o país.
No atual cenário, volvidos que estão míseros seis meses de umas legislativas pouco conclusivas – mas que originaram uma mudança de governo, ao fim de nove anos, que a esquerda (no seu todo) tarda em aceitar –, Governo e o principal partido da oposição esgrimem, na praça pública, argumentos mais ou menos legítimos num jogo de sombras que o comum dos portugueses não aprecia ou sequer entende.
Certamente com as melhores das motivações, as bravatas, linhas vermelhas ou meras táticas políticas distanciam, ainda mais, os eleitores da política e dos políticos, alimentando populismos e alicerçando ao chamamento de homens providenciais. A História tudo explica, pouco há a inventar.
Como diria o chanceler alemão Bismarck, em meados do séc. XIX, “a política é a arte do possível”. Logo, em democracia, do compromisso permanente.
Nesse sentido, num cenário periclitante como vivemos, com escassos meses de governação de uma solução sufragada em urnas pelos portugueses e após a correção (tardia, mas que se concretizou) de gritantes injustiças em vários setores profissionais da Administração Pública (professores, militares ou forças de segurança), o país não compreenderá um chumbo orçamental com a consequente instabilidade política gerada, desta feita, única e exclusivamente pela classe política.