Israel desvalorizou esta quarta-feira o mais recente relatório do gabinete de Direitos Humanos da ONU sobre possíveis crimes contra a humanidade cometidos em Gaza, insistindo que o objetivo é isolá-lo e “proteger ainda mais os terroristas do Hamas”.

A reação da missão israelita junto das Nações Unidas em Genebra surge, em comunicado, pouco depois da divulgação de um relatório de avaliação sobre seis ataques realizados no ano passado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) em Gaza, “que resultaram num elevado número de mortes entre civis e a generalização de destruição de propriedade civil, levantando sérias preocupações no que diz respeito às leis da guerra”.

À imagem do sucedido por ocasião de anteriores relatórios sobre o conflito em Gaza e na Cisjordânia, Israel reagiu acusando o gabinete de Direitos Humanos da ONU de “fazer eco do discurso do Hamas”, o grupo terrorista responsável pelos ataques de 07 de outubro do ano passado, e considerando que o estudo “sofre de preconceitos metodológicos e posteriores aos factos” que comprometem a sua credibilidade.

De acordo com a missão israelita, liderada pelo embaixador Meirav Eilon Shahar, o relatório, que tem como “único objetivo castigar e isolar Israel”, não aborda “a estratégia deliberada do Hamas” de “plantar sistemática e ilegalmente os seus meios militares em zonas povoadas”, com a “intenção deliberada de causar o maior dano possível à população”, além de “manipular as estatísticas sobre vítimas civis”.

A ONU manifestou hoje “sérias preocupações” sobre o respeito às leis da guerra por parte do exército israelita, na conclusão de uma investigação focada em seis bombardeamentos realizados na Faixa de Gaza no ano passado pelo exército israelita, entre 9 de outubro e 2 de dezembro, que atingiram edifícios residenciais, campos de refugiados, uma escola e um mercado, provocando pelo menos 218 mortos.

“A obrigação de escolher meios e métodos de guerra que evitem ou, pelo menos, minimizem ao máximo os danos possíveis aos civis parece ter sido sistematicamente violada durante a campanha de bombardeamentos de Israel”, comentou o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk.