O presidente da Iniciativa Liberal defendeu hoje que o Governo precisa de “começar a governar” e a “tomar decisões políticas”, considerando que até agora não o fez, e manifestou “enorme preocupação” com o plano de inverno para o SNS.
Em declarações aos jornalistas após uma reunião com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em Lisboa, o presidente do partido disse que analisou, com o sindicato, os planos de emergência para a saúde” e leva “enormes preocupações” quanto aos planos para o inverno, “porque não foram tomadas medidas estruturais”.
Para o deputado, “todos os planos que o Governo apresentou são planos para o imediato, provavelmente apresentados tendo em conta o ciclo político e a necessidade que o Governo sentiu de ter um orçamento aprovado ou de ir a eleições numa posição política melhor”.
“Mas o problema é que, agora, a partir de janeiro, é preciso começar a governar. Já não basta atirar planos para cima dos problemas – já percebemos que muitos deles não funcionam – e, portanto, a partir de agora, temos memo de ter decisões políticas”, afirmou.
O líder da Iniciativa Liberal reconheceu que, “muitas vezes”, essas decisões têm custos e “não são populares”, mas reforçou que “este Governo ainda não começou a governar”.
“A partir de janeiro, mais tardar, vai mesmo ter de começar a governar”, sustentou.
Sobre a situação no INEM, considerou que “todos falharam”, referindo-se à direção do instituto mas também ao Ministério da Saúde, e frisou que agora é preciso apurar se as responsabilidades sobre o que está a acontecer “são apenas pessoais ou se é uma questão estrutural”.
“Diria que temos aqui uma situação de anemia e de amnésia. Temos uma situação de anemia, um comportamento anémico do Governo na resposta, um comportamento insuficiente de antecipação dos problemas e de resposta. E temos também, da parte do PS, amnésia, porque o PS tem uma grande responsabilidade no Estado a que chegámos”, afirmou.
O deputado liberal – que já admitiu uma comissão de inquérito ao INEM caso as respostas da ministra da Saúde no parlamento não sejam satisfatórias –, disse que é preciso apurar, em termos de responsabilidades, “o que é que vem de trás e não era possível responder” e “aquilo que já é responsabilidade deste Governo”.
Questionado se lhe parece que houve um sacudir de responsabilidades deste Governo sobre esta matéria, ao atribuir as culpas ao anterior executivo pelo que está a acontecer, respondeu: “Parece-me que foi uma má resposta, que não tranquiliza os portugueses”.
“É evidente que há um Governo que esteve em funções durante oito anos e que tem responsabilidades no estado a que as coisas chegaram também em termos de saúde. Mas há um Governo que está em funções já há mais de seis meses e que não pode sistematicamente atribuir aos que estiveram antes essas responsabilidades”, disse, salientando que “isso não é governar, isso é passar responsabilidades”.
Sobre a reunião com o SIM, o deputado disse partilhar com o sindicato que é preciso que a avaliação de desempenho seja aplicada, seja no Serviço Nacional de Saúde ou na função pública, com menos burocracia e que “sirva como instrumento de gestão”, melhorando os serviços e recompensando quem cumpre os objetivos.
Por sua vez, o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues, defendeu que é preciso reforçar o número de médicos no SNS e garantir a equiparação da remuneração dos médicos que trabalham no INEM com os que estão nos serviços de urgência.
Sobre a questão do sistema de avaliação referido pelo deputado liberal, Nuno Rodrigues concordou que “é crucial para que os médicos progridam na carreira”, considerando que “é essencial que seja valorizada a progressão, a experiência, a vontade de melhorar dos profissionais e que sejam desbloqueadas as carreiras médicas”.