Depois da pesada derrota nas últimas legislativas, que deram a maioria absoluta ao PS, o PAN quer voltar a eleger um grupo parlamentar nas eleições do dia 10 de março.

Inês de Sousa Real acredita que o partido foi prejudicado pelo voto útil e que vai recuperar votos. “Em 2019, o contexto político era bastante diferente do atual. Houve aqui um voto útil que acabou por dar uma maioria absoluta ao Partido Socialista, mas é fundamental que exista, nestas legislativas, um voto útil naqueles partidos que também são úteis para a democracia”, diz ao NOVO a porta-voz do PAN, convicta de que o partido será beneficiado por ter negociado vários orçamentos com o governo socialista nos últimos anos.

“É o partido da oposição que mais conquistas tem alcançado ao longo desta legislatura. Conseguimos, apenas com uma deputada, não só o maior número de aprovações mas também o maior número de propostas apresentadas. Isso demonstra o nosso compromisso em fazer avançar as nossas causas”, acrescenta Sousa Real.

O PAN admite continuar a dialogar com o PS se Pedro Nuno Santos chegar ao governo, mas também não fecha a porta a entendimentos com um governo liderado pelo PSD. “Aquilo que importa perguntar, seja à direita ou à esquerda, é o que estão disponíveis a fazer para acolher as causas do PAN. Estamos a discutir eventuais alianças, mas temos de debater as reformas estruturais que queremos para o país”, diz Inês Sousa Real, que recentemente apoiou um acordo de incidência parlamentar com o PSD na Madeira, apesar de ter sido alvo de críticas internas.

O PAN vai ter como prioridades as alterações climáticas e a proteção animal, mas também quer avançar com medidas para resolver “o caos nas urgências”, no Serviço Nacional de Saúde, ou a crise na habitação. “Os mais jovens não conseguem sair de casa antes dos 29 anos e é importante discutir estes temas e a visão que cada partido tem para o país”, afirma Sousa Real, elegendo a habitação como “uma das grandes prioridades do PAN”.
Divergências indesejáveis

O PAN passou de quatro para apenas um deputado nas últimas eleições legislativas, em 2022, depois das polémicas que envolveram Sousa Real e das divergências internas que levaram à saída de alguns destacados militantes do partido. O acordo com o PSD na Madeira voltou a agitar o partido, com o antigo líder, André Silva, a acusar a atual direção de ter cometido “um erro político enorme”.

Inês de Sousa Real admite que as guerras internas podem ter prejudicado o partido. “Nunca é desejável que existam essas divergências, com a dimensão pública que algumas delas alcançaram”, diz a líder do PAN, assegurando, porém, que é normal “existir oposição” interna. “O nosso foco é o dia 10 de março e sabemos que o PAN tem oportunidade de fazer a diferença e reconquistar um grupo parlamentar”, conclui Sousa Real, sem definir uma meta ao nível do número de deputados.

Artigo publicado na edição do NOVO de 13 de janeiro