O secretário-geral das Nações Unidas defendeu este domingo o trabalho humanitário da agência da ONU para os refugiados palestinianos, assegurando, no entanto, que qualquer comportamento inadequado por parte dos trabalhadores será julgado.
Numa comunicação oficial, António Guterres explicou que dos 12 membros acusados de envolvimento no atentado de 7 de outubro contra Israel pelo movimento islamita palestiniano Hamas, 9 foram identificados e despedidos pela direção da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês).
Outro dos funcionários está morto, estando ainda a ser investigada a identidade dos restantes.
“Qualquer funcionário da ONU implicado em atos de terrorismo será responsabilizado, incluindo através de processos criminais. O Secretariado [da ONU] está pronto para cooperar com as autoridades competentes para garantir que os indivíduos sejam processados de acordo com os procedimentos estabelecidos”, afirmou Guterres num comunicado oficial.
O secretário-geral da ONU afirmou ainda que “estão a ser tomadas medidas rapidamente” em resposta às “acusações extremamente graves” e que foi aberta uma investigação do Gabinete de Serviços de Supervisão Interna da ONU.
A própria UNRWA já tinha anunciado em 17 de janeiro uma revisão completa e independente das operações da organização, recordou.
Guterres referiu-se também ao anúncio de vários países, incluindo os Estados Unidos, de suspenderem o financiamento à UNRWA e lembrou a importância do seu trabalho, em particular na Faixa de Gaza.
“Dois milhões de civis em Gaza dependem da ajuda da UNRWA para a sua sobrevivência diária, mas o financiamento atual [da agência] não lhe permitirá cobrir as necessidades de fevereiro”, explicou.
“Compreendo as reservas” dos países, assegurou, acrescentando: “Eu próprio fiquei horrorizado com estas acusações (mas) apelo aos governos que suspenderam as suas contribuições para que, pelo menos, garantam a continuidade das operações da UNRWA”.
Classificando-os como abomináveis, considerou que os atos de que aqueles trabalhadores da UNRWA são acusados “devem ter consequências”, “mas as dezenas de milhares de homens e mulheres que trabalham para a UNRWA nas situações mais perigosas não devem ser penalizados”.