Montenegro é um resistente, hermético, com um instinto político singular de sobrevivência, peculiar na formação de equipas, “Cavaconiano”, mas que viu o espaço político à sua direita crescer como nunca antes na nossa democracia.

Montenegro não compartilhou praticamente com ninguém a formação da sua equipa, nem a abertura da reflexão, nem a decisão final, contudo deve fazê-lo com Marcelo Rebelo de Sousa que se queixou de pouco ou nada saber.

Montenegro deve ter como seu aliado e conselheiro Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo Rebelo de Sousa é um eterno incompreendido, que adora estar rodeado de pessoas, mas a maior parte das vezes está só, nos seus pensamentos. Agora está na moda malhar em Marcelo por tudo que diz e faz.

A deterioração da situação democrática como consequência da lama que inunda o nosso debate político e a nossa discussão política, não com propostas, nem com ideias.

Na realidade, paira no ar o não reconhecimento da legitimidade do governo, mas também paira no ar que este governo se esquece que venceu por uma maioria escassa e tem que fazer acordos.

Tudo indica que o rumo a seguir é uma postura de vitimização face às dificuldades de governar.

Quem puder fazer que faça, mas pelo que me parece ninguém tem capacidade para o fazer.

A jogada seguinte é pedir uma moção de confiança, se ela não passar estar pronto para eleições.

Servir o país é governar, mas também saber ser oposição.

O Parlamento terá de encontrar uma saída para a governação.

A clarificação democrática será lançada depois das europeias. Até lá, a toxicidade enlameia a democracia.

Governo sim, governo não? O âmago é a perceção dos portugueses. Se tiverem a perceção que o governo tomou medidas sensatas e a oposição obstaculizou, Montenegro vai continuar no poder.

A política parece que tudo é fruto de plugs e não do mérito profissional. As substituições de Ana Jorge e Fernando Araújo são incompreensíveis. Agora do director da PSP foi despido sem explicações. Paira no ar, saneamentos só porque não se é do PSD.

Entretanto, os portugueses não ligam nada às eleições europeias, apenas estão na expectativa de quando cai o governo.