O chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas revelou esta terça-feira que os ramos contam com 23.425 militares e reconheceu que os efetivos estão “drasticamente abaixo” do autorizado, salientando que “a retenção é um processo longo e exaustivo”.

O general José Nunes da Fonseca falava numa conferência intitulada “As Forças Armadas portuguesas no presente”, promovida pela secção de Ciências Militares da Sociedade de Geografia de Lisboa, na qual adiantou que, à data de 30 de setembro deste ano, estavam registados 23.425 militares (86% do sexo masculino e 14% do feminino) – abaixo do autorizado pelo governo para este ano, que ronda os 32 mil.

Segundo dados apresentados pelo CEMGFA, o Exército é o ramo com mais efetivos (10.969), seguido da Marinha (6.793) e da Força Aérea (5.663).

“Desde 2010 temos vindo a reduzir drasticamente os nossos efetivos. Estamos drasticamente abaixo dos efetivos autorizados e, portanto, só podemos dizer que há que lutar por ter mais efetivos”, considerou, acrescentando que as Forças Amadas têm cumprido as suas missões com os militares existentes.

O general salientou a importância das remunerações, mas também de “melhores condições e melhores equipamentos”. Mas “a retenção é um processo longo e exaustivo”, ressalvou, lamentando que existam “abates aos quadros” permanentes nas Forças Armadas.

“Isso é preocupante porque quando alguém que na sua juventude, ou no momento próprio, abraçou as Forças Armadas com perspetiva de carreira e pede para sair, algo não está bem com a instituição que servimos”, afirmou.

O general acrescentou que “dizer que um militar se sente realizado com as remunerações que tem, não é verdade” mas referiu que “isso é um problema quase nacional”.

O general garantiu que estão a ser feitos “todos os possíveis para atrair mais jovens e sobretudo para reter” os que já estão nas fileiras militares.

“É evidente que não passa por nós na sua globalidade, mas as medidas que foram saindo são medidas contribuintes para que haja maior retenção e maior atratividade”, salientou.

O general Nunes da Fonseca salientou ainda a importância de “não abandonar África” – onde a União Europeia tem várias missões de treino, algumas nas quais Portugal participa.