A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) insiste que o governo, estando em funções, tem a “obrigação” de chegar a um acordo com os médicos, cujas negociações já duram há 19 meses.
“Manuel Pizarro e António Costa continuam em plenitude de funções para evitar que o país fique sem Orçamento do Estado, pelo que têm obrigação, no tempo que lhes resta de governação, de chegar a um acordo com os médicos, no que respeita à sua atualização salarial, transversal, para todos os médicos, para que deixem de ser dos médicos mais mal pagos da Europa e para que melhorem as suas condições de trabalho, sem perda de direitos que coloquem médicos e doentes em risco”, refere a estrutura sindical em comunicado.
As negociações entre o Ministério da Saúde e os dois sindicatos representativos dos médicos foram suspensas na semana passada, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa. Tanto a FNAM como o Sindicato Independente dos Médicos exigiram voltar à mesa negocial. Confrontado com esses apelos, Manuel Pizarro disse apenas que iria ponderar “até onde podia ir” neste assunto.
Perante o cenário, a FNAM manteve a greve nacional de dois dias, que começa na terça-feira, assim como as manifestações no Porto, em Coimbra e em Lisboa. Para o sindicato liderado por Joana Bordalo e Sá, os protestos são uma demonstração de que “os médicos mantêm a luta pela valorização e dignificação da sua profissão e pela defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, mas também “pelo direito da população a um SNS acessível, universal e de qualidade”.
A FNAM defende que ao longo dos 19 meses de negociações apresentou ao Ministério da Saúde “as soluções para fixar médicos no SNS” e garante que tal não aconteceu “unicamente por falta de vontade política deste governo, à semelhança dos seus antecessores”.
As manifestações nos três hospitais de fim de linha do Porto (São João), Coimbra (hospital da Universidade de Coimbra) e Lisboa (Santa Maria) decorrem na terça-feira e são abertas aos utentes e à população a partir das 9 horas. O objetivo é que “o Ministério da Saúde escute quem conhece a realidade”, pressionando-o a retomar as negociações de “forma séria e competente”, de modo que se avance “com as medidas pelas quais os médicos e os utentes do SNS não podem continuar à espera”.