A Federação Nacional dos Médicos afirmou hoje que as criticas do diretor executivo do SNS, que disse que os médicos devem protestar “de forma eticamente irrepreensível” fazem ricochete para o governo, lembrando que todos os dias cumprem com a ética.
“Dá uma no cravo e outra na ferradura”, considerou a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, sublinhando que Fernando Araújo, apesar de entender que os médicos não queiram fazer mais horas extraordinárias, “parece que não percebe que os médicos querem viver é do seu salário justo e não dessas horas extraordinárias ou de suplementos”.
Às afirmações de Fernando Araújo, em entrevista ao Público, Joana Bordalo e Sá responde: “a falta de ética está no governo”.
“A falta de ética está neste governo e nos outros todos, por terem mantido os médicos em Portugal como sendo os médicos com salários mais baixos a nível europeu”, afirmou.
A responsável da FNAM lembra que “os médicos cumprem com a sua ética e deontologia todos os dias e é graças a isso que mantêm o Serviço Nacional de Saúde a funcionar”, acrescentando que “não é só na urgência. É também nas consultas, é nas cirurgias, é nos centros de saúde e é com imenso sacrifício pessoal”.
Em declarações à Lusa, Joana Bordalo e Sá envia ainda um recado ao ministro da Saúde: “Não pode ser um decreto de sacerdócio obrigatório, porque é isto que nos estão a pedir, que no limite ia levar a que cada um de nós que ainda resta no SNS a abdicar dos seus descansos, da sua vida familiar, das suas reivindicações que são mais do que justas”.
“Portanto, a falta de ética é também do doutor Manuel Pizarro, que parece que ainda não percebeu que os médicos já estão a trabalhar no seu limite há muito tempo (…). Se houver alguma fatalidade, alguma morte, alguma tragédia, que ninguém quer ver no serviço de urgência, será da sua inteira e exclusiva responsabilidade e das políticas que pratica”, acrescentou.
Diz ainda que a FNAM “tem a solução que os médicos também querem ver” que se prende não só com a reposição dos salários, mas também com a melhoria das condições de trabalho, frisando: “Temos oito propostas em cima da mesa e durante 18 meses ignoraram-nas. Não incorporaram rigorosamente nada”.
Sobre a expectativa para a reunião de sexta-feira com o Ministério da Saúde, a responsável diz que são baixas e insiste: “As cedências nesta altura são acima de tudo e por parte do governo, porque as soluções estão em cima da mesa”.