Fernando Madureira ficou hoje em silêncio no arranque da fase de instrução da Operação Pretoriano, que tem entre os nove arguidos a mulher, Sandra Madureira, que também recusou falar.
O início desta fase facultativa, que visa decidir por um juiz de instrução criminal se o processo segue e em que moldes para julgamento, requerida por alguns arguidos, começou hoje no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, depois de dois adiamentos devido a greve dos oficiais de justiça.
A fase instrutória, que decorre à porta fechada, arrancou com os interrogatórios do ex-líder dos Super Dragões, que está em prisão preventiva há nove meses, e de Sandra Madureira, antiga vice-presidente da claque azul e branca. No entanto, Fernando Madureira e Sandra Madureira optaram por ficar em silêncio.
Fernando Madureira chegou ao tribunal cerca das 9h20, sob fortes medidas de segurança, e foi saudado por familiares, enquanto Sandra Madureira entrou pela porta principal, mas sem prestar declarações.
No exterior do tribunal foram colocadas duas faixas de apoio a Fernando Madureira: “Liberdade ao Macaco” e uma outra que dizia “Só os mais fortes sobrevivem, nós somos eternos”.
Seguem-se as audiências com alguns dos outros arguidos, entre os quais Carlos Nunes, mais conhecido por ‘Jamaica’, José Pedro Pereira e Fernando Saul, ex-funcionário do clube azul e branco.
Em causa está a designada Operação Pretoriano, cuja acusação do Ministério Público denuncia uma eventual tentativa de os Super Dragões “criarem um clima de intimidação e medo” numa Assembleia Geral Extraordinária do FC Porto, a 13 de novembro de 2023, na qual houve vários incidentes e agressões, para que fosse aprovada uma revisão estatutária “do interesse da direção” do clube, então liderado por Pinto da Costa.
Fernando Madureira é o único arguido em prisão preventiva, enquanto os restantes oito foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, apelidado de ‘Polaco’ e igualmente com ligações à claque.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.
Hugo Carneiro também está acusado de detenção de arma proibida, sendo que o Ministério Público requer penas acessórias de interdição de acesso a recintos desportivos entre um e cinco anos.
O FC Porto e a SAD gestora do futebol profissional azul e branco constituíram-se assistentes da Operação Pretoriano, que foi desencadeada em 31 de janeiro, no âmbito da investigação aos desacatos observados na Assembleia Geral Extraordinária do clube, tendo resultado na detenção de 12 pessoas.