O Crescente Vermelho palestiniano afirmou esta terça-feira que a equipa médica do hospital de Al-Quds, na Faixa de Gaza, continua “presa” nas instalações, enquanto as forças israelitas avançam no terreno.

A organização afirmou não ter a certeza sobre a situação da equipa no hospital e sublinhou que esta não pode sair devido ao cerco das forças israelitas e aos confrontos com os membros do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na zona.

“Não temos a certeza se ainda estão vivos ou não”, disse Nebal Farsaj, porta-voz da organização.

Israel acusa o Hamas do uso de zonas civis para armazenar material de guerra, que tem bombardeado apesar da condenação internacional.

O exército de Israel reclamou esta terça-feira a neutralização de uma “infraestrutura terrorista” que operava em edifícios civis na Faixa de Gaza, incluindo na Universidade Al Quds e na principal mesquita do enclave.

As Forças Armadas de Israel referiram que, além de missões próximo do campo de Al Shati, foram feitas apreensões de explosivos e armas na mesquita de Abu Bagr, na universidade e em outros edifícios governamentais.

Há seis dias que o Crescente Vermelho palestiniano tenta contactar as suas equipas dentro do hospital Al-Quds, mas só conseguiu comunicar com elas por rádio, uma situação que Farsaj descreveu como “instável” e sujeita a “distorções”.

O mesmo responsável estima que os 300 pacientes do hospital também não possam sair, com as estradas próximas fechadas, e que quem permanece no interior do hospital “ouve bombardeamentos e tiros constantes”.

A organização negou na segunda-feira a presença de milicianos do Hamas no hospital e condenou “as falsas alegações das forças de ocupação sobre a presença de indivíduos armados que lançam projéteis a partir do interior”.

O diretor-geral da organização, Marwan Jilani, afirmou que o Crescente Vermelho está a receber “várias chamadas” que relatam haver “pessoas mortas nas estradas, debaixo dos escombros e mesmo nas casas e que as famílias não as podem enterrar, por não conseguirem sair”.

Jilani explicou que a “situação é bastante catastrófica” e que “todos os hospitais estão fora de serviço e os que estão a funcionar estão no mínimo, sem eletricidade e combustível e com uma grave escassez de água e alimentos, tanto para as equipas, como para os doentes e as pessoas internadas”.

De acordo com o diretor-geral da organização, o hospital Al- Quds encontra-se cercado pelo exército israelita.

“Ninguém se pode aventurar fora do hospital, nem pode aproximar-se das janelas porque há atiradores furtivos a disparar”, disse.

O diretor-geral adiantou ainda que duas pessoas foram mortas e que várias pessoas ficaram feridas na sequência dos disparos.

“Tentámos retirar os que permanecem no Hospital Al-Quds, onde estão cerca de 50 doentes e os seus acompanhantes, bem como as nossas equipas, mas as nossas tentativas falharam, não conseguimos evacuá-los”, concluiu.

As forças israelitas acusam também o Hamas de lançar mísseis contra Israel a partir de edifícios civis – incluindo hospitais, escolas e mesquitas – ou junto a estes, e de ter estabelecido centros de comando no subsolo de Gaza por baixo do mesmo tipo de instalações, por forma a dissuadir retaliações.

As forças israelitas garantiram na segunda-feira ter provas de que combatentes do Hamas mantiveram reféns num hospital infantil na Faixa de Gaza, local que tinha uma sede subterrânea do movimento islamita palestiniano e uma sala “cheia de armas”.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) revelaram, em comunicado, que encontraram no hospital Rantisi, no norte da Faixa de Gaza, “muitas armas na cave do hospital, incluindo cintos explosivos, granadas, armas e mísseis RPG”.

“Também foi encontrada um motociclo com marcas de tiros, que foi utilizada por terroristas do Hamas no massacre de 07 de outubro. Além disso, foram encontrados sinais no subsolo que indicam que reféns foram mantidos na sala”, referiram as forças israelitas, que há mais de cinco semanas travam uma guerra com o movimento islamita palestiniano.

Entre as provas apresentadas num vídeo pelo porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari, estão um biberão ou um pedaço de corda amarrado a uma cadeira.

“Isto está atualmente sob investigação, mas também temos informações que o confirmam”, acrescentou Hagari.

Israel e o Hamas estão em guerra desde 07 de outubro, quando o grupo extremista islâmico invadiu o sul do país a partir da Faixa de Gaza e matou 1.200 pessoas.

Desde então, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, disse que mais de 11 mil pessoas foram mortas em bombardeamentos e operações terrestres israelitas naquele território.