A CDU centrou a sua campanha na ideia de enfrentar as “imposições da UE” e defender uma política de soberania nacional, focando os seus ataques no PS e na direita, que considerou representarem um “consenso neoliberal”.
Numa campanha europeia dedicada a 11 dos 18 distritos de Portugal continental — e que contou com a participação do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, nos grandes eventos –, João Oliveira desdobrou-se em comícios, arruadas e várias iniciativas dedicadas a sectores temáticos que considerou serem elucidativos do impacto das políticas europeias a nível nacional, como pescas, pedreiras, transportes ou cultura.
Com o intuito de combater “um grande alheamento” da população nas eleições de domingo, João Oliveira foi procurando transmitir a mensagem de que as europeias têm um impacto direto na vida nacional, devido aos “condicionamentos e limitações” que a União Europeia (UE) coloca a políticas como o aumento de salários ou o investimento nos serviços públicos.
Sob o lema “sempre contigo para o que der e vier”, João Oliveira insistiu que a CDU é a única força que defende verdadeiramente os trabalhadores — e que tem “décadas de intervenção” no Parlamento Europeu nesse sentido –, desdobrando-se em críticas a PS, PSD, CDS, Chega e IL, que acusou de formarem um “consenso neoliberal” e de estarem a fazer uma campanha centrada em “guerras de alecrim e manjerona”.
Com a ideia de que estas eleições são também “uma batalha pela democracia”, o Chega foi um dos principais alvos da CDU, numa aparente mudança de postura para a coligação que, até agora, raramente criticava diretamente o partido, argumentando que não queria contribuir para alimentar as suas polémicas.
Em Faro e Beja — distritos onde, nas últimas legislativas, o Chega conseguiu ficar em primeiro e segundo lugar, respetivamente –, João Oliveira e Paulo Raimundo deixaram duras críticas ao partido de extrema-direita, com o candidato da CDU a considerar mesmo que “representa o pior que há na sociedade”.
À esquerda, os ataques foram mais raros, mas também se fizeram sentir, com João Oliveira a procurar demarcar-se das forças políticas que andam “ao sabor da maré e dos ventos”, em particular no que se refere a “posições armamentistas” ou de “nivelamento dos salários por baixo”, numa alusão a BE e Livre.
Insistindo na ideia de que é necessária uma política de soberania nacional, o candidato nunca abordou, contudo, a ideia de que Portugal deve preparar-se para sair do euro, uma política que consta no compromisso eleitoral da CDU e que tinha marcado os debates televisivos.
Num ano que tem sido marcado por desaires eleitorais para a CDU — que perdeu a representação eleitoral na Madeira e viu a sua força na Assembleia da República reduzir-se a quatro deputados –, João Oliveira não quis fixar objetivos quantitativos para estas eleições, mas manifestou-se convicto do reforço da coligação.
No final da primeira semana de campanha, num comício no Parque das Nações, em Lisboa, que serviu de demonstração de força da CDU — e que contou com a participação do ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa –, começaram a surgir os primeiros apelos à mobilização, com Paulo Raimundo a pedir aos militantes que convençam tanto os indecisos como os indiferentes a votarem na coligação.
Este apelo foi sendo dramatizado ao longo da última semana de campanha, com João Oliveira a recorrer a vários manifestos de apoio que foram sendo divulgados nos vários comícios — de profissionais da educação, saúde, cultura e membros de organizações representativas dos trabalhadores — para pedir “um sobressalto democrático”, pedido que foi reforçado pelo líder do PCP, que assumiu que existe o risco de a coligação não conseguir eleger.
“O voto na CDU fará a diferença se sim ou não essa voz estará no Parlamento Europeu”, avisou. numa arruada esta quarta-feira, em Guimarães.