O antigo presidente do banco central alemão, Axel Weber, salienta que as taxas de juro na Europa e nos EUA podem acabar por rondar os 4% e os 5%, segundo um artigo do jornal espanhol Cinco Días.

Confrontado com a subida das taxas de juro pelos bancos centrais de todo o mundo, Weber vê semelhanças entre a situação atual e a crise financeira de 2008, que eclodiu durante o seu mandato como banqueiro central, embora sublinhe que esta não é tão grave. O economista acredita que a Europa e os EUA estão no fim do atual ciclo de subidas, apesar dos sinais dos banqueiros centrais de que manterão as taxas elevadas até que a inflação modere. Ele estima que a possível normalização das taxas de juro dos bancos centrais dos EUA e da Europa poderá rondar os 4% e os 5%.

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana, disse na semana passada que espera uma “aterragem suave” face à subida dos preços, mas o economista alemão considera esse desfecho improvável nos Estados Unidos, tal como na zona euro. “Acabar com a inflação e evitar uma recessão são incompatíveis, na minha opinião”, disse Alex Weber numa conferência de imprensa na quinta-feira.

A instituição presidida por Christine Lagarde aumentou a taxa de juro de referência pela décima vez consecutiva, para um nível recorde, há duas semanas, tal como a Reserva Federal (Fed), que aumentou as taxas em 525 pontos base a partir de 2022 para combater a taxa de inflação.

Segundo o Cinco Días, Weber mostrou-se crítico dos modelos económicos, como o “objetivo médio de inflação” seguido pelos bancos centrais, que não conseguiram prever que a inflação pós-pandemia não era o fenómeno transitório que supunham. “Se os bancos centrais não reformularem maciçamente as suas previsões de inflação e não tentarem suavizar a economia com os mesmos instrumentos, a minha previsão é que vão passar um mau bocado”, afirmou.

Considera também que a mudança de estratégia da Fed no início da crise sanitária de 2020, à qual respondeu com um estímulo monetário sem precedentes, foi um grande erro. Embora tenha aplaudido Powell por ter estabilizado o emprego nos EUA, adverte que o desemprego irá inevitavelmente aumentar.

O ex-presidente do Bundesbank alemão, Axel Weber, prevê a chegada de uma recessão ou, pelo menos, de um abrandamento económico, face às últimas projeções da Fed, que indicam que a taxa de desemprego nos Estados Unidos subirá acima dos 4% e que o IPC americano estabilizará nos 2,5% a partir de junho do próximo ano.