Na sequência de – mais uma – corajosa intervenção do almirante Gouveia e Melo, daqueles chefes militares (dos poucos que ainda restam nas nossas fileiras) que prestigia a farda que enverga, secundada pelo comandante do exército, e, por mais um punhado de corajosos, a discussão relativa ao serviço militar obrigatório voltou ao primeiro plano nacional, sem complexos.

Tal como em muitas outras matérias, em Portugal, chegou tarde e a reboque de acontecimentos internacionais.

Uma pena.

Seguindo as “modas” pacifistas dos tempos, tendo em conta o “fantasma” da Guerra de África, também a pressão das juventudes partidárias (honra seja feita, apenas a do PCP manifestou a sua discordância), e, por fim, o preconceito para com a instituição militar, o serviço militar obrigatório terminou – a sério – no nosso país há cerca de 30 anos. Uma vez que, apenas por mera compaixão ou reminiscência histórica se poderá considerar SMO, na sua plenitude, aos seus últimos anos de penosa vigência.

Agora, com um modelo de forças armadas totalmente profissionais em pleno colapso, vejam-se os recentes episódios “Mondego” ou “Tancos”, perante duas guerras a deflagrar bem perto das nossas fronteiras – ao contrário do tão propalado pelos “amanhãs que cantam” –, um perigoso Mundo ao nosso redor, e, um gritante desenraizamento dos jovens ocidentais (e não só portugueses) por tudo o que sejam deveres para com o Estado, saudavelmente, a discussão voltou.

Numa época em que se discutem tantos (e novos) direitos, mas, escassos deveres, e, de fraca ligação aos símbolos nacionais, propositadamente diluída pelos novos censores do “politicamente correto”, à semelhança do que acontece em muitos outros países europeus, a começar pelos “liberais” nórdicos, é tempo de solidificar a relação entre os cidadãos e o pilar fundamental da sua independência.

Claro que não será, por um lado, a panaceia para a resolução dos problemas (que são muitos e gritantes) das nossas Forças Armadas – esses só se resolverão com investimento, a começar pelo mais importante, no seu fator humano, mas, também em equipamento – nem, por outro, a repristinação de um modelo liberal ultrapassado de conscrição dos Séculos XIX e XX.

O país, dadas as suas necessidades, deverá discutir, sim, a introdução de um serviço cívico obrigatório, no período compreendido entre o final do ensino secundário e o ingresso no ensino superior (ou atingida a maioridade), para ambos os sexos, com uma componente militar, nas Forças Armadas, e uma civil, em diversas estruturas e valências do Estado como a Proteção Civil, a Segurança Interna, o Serviço Nacional de Saúde ou o Apoio Social.

Só assim teremos uma discussão séria, justa, atual e real sobre esta temática, sob pena do – já habitual – enviesado e puramente ideológico “lavar de roupa suja”.

O país agradece.