A Direção-Geral da Saúde apelou esta sexta-feira, 16 de fevereiro, aos hospitais para reforçarem as medidas de prevenção e controlo de infeções e fazerem rastreio na admissão de doentes perante o aumento de casos da bactéria multirresistente ‘Klebsiella pneumoniae’ na Europa.
O Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) alertou na quarta-feira que a bactéria ‘Klebsiella pneumoniae ST23’ (hvKp) está a aumentar na Europa, tendo subido de 12 para 143 os casos reportados desde 2021.
Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, a Direção-Geral da Saúde (DGS) afirmou que, à data deste alerta do ECDC, Portugal não tinha casos reportados.
Recomendou, contudo, que “pela emergência destas resistências a nível mundial”, devem ser reforçadas todas “as medidas de prevenção e de controlo, bem como reforçados os meios de diagnóstico e monitorização laboratorial”.
“Os gestores das unidades de saúde devem promover, de forma consistente e sólida, todas as medidas descritas nas Normas da DGS, nomeadamente higiene das mãos, precauções básicas em controlo de infeção (com especial enfoque para a descontaminação de superfícies e equipamentos), precauções baseadas nas vias de transmissão (contato, fecal-oral)”, refere a DGS.
Aconselhou também a realização de rastreios na admissão dos doentes e durante o internamento a alocação de doentes suspeitos ou confirmados em quartos individuais.
“Deve ser, igualmente, dada especial atenção aos doentes mais vulneráveis, especialmente aquando da transferência dos cuidados hospitalares para as unidades da Rede de cuidados continuados integrados”, salienta a DGS.
A autoridade de saúde destaca um aumento das estirpes de enterobacterales resistentes aos antibióticos em Portugal e sublinha que a taxa global de Klebsiella pneumoniae resistente aumentou de 2% para 11,6% entre 2012 e 2020.
Tal como todos os Estados Membros, Portugal adota as Recomendações do Centro de Controlo de Doenças Europeu, dando cumprimento a diretrizes europeias e do Conselho, com o objetivo de consolidar a rede de vigilância de infeções associadas aos cuidados de saúde, de consumo de antimicrobianos e de resistências a antimicrobianos.
Neste contexto, adianta a DGS, “são monitorizados e reportados, numa base anual, os perfis de resistências em amostras invasivas, validados pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA)”.
O ECDC manifestou preocupação com o aumento de quatro para 10 do número de países com casos registados de infeção com hvKp do tipo 23, bactéria hipervirulenta que tem adquirido cada vez mais variedade de genes associados à resistência aos antibióticos de último recurso utilizados para o tratamento de infeções graves.
O aumento de casos de hvKp multirresistente é “motivo de preocupação, devido à gravidade das infeções, combinada com a resistência aos antibióticos de última linha, o que torna as infeções difíceis de tratar”, afirmou Dominique Monnet, chefe da secção de Resistência Antimicrobiana e Infeções Relacionadas com os Cuidados de Saúde do ECDC, citada num comunicado do organismo europeu.
“Espera-se que a disseminação de hvKp multirresistente em ambientes de saúde resulte em aumento da mortalidade entre populações de pacientes vulneráveis nesses ambientes”, advertiu o organismo.
O surgimento de casos da bactéria hipervirulenta combinada com a resistência a antibióticos de última linha é considerado preocupante pois, “em contraste com as estirpes ‘clássicas’ de ‘Klebsiella pneumoniae’, as estirpes hvKp podem causar infeções graves em indivíduos saudáveis, muitas vezes complicadas pela disseminação para vários locais do corpo”, segundo o ECDC.