O fundador da plataforma Kyiv Digital, Wladimir Klitschko, defendeu na Web Summit em Lisboa que os ucranianos estão “do lado da liberdade e da digitalização”, ‘armas’ no conflito com a Rússia e no desenvolvimento do país.
Na palestra “Ucrânia: dois anos depois”, com o editor-chefe do Kyiv Post, Bohdan Nahaylo, o antigo pugilista disse que a digitalização do país tem sido um importante fator na guerra, após a Rússia invadir em fevereiro de 2022, e que a Ucrânia tem investido no avanço tecnológico ao nível de combate e de proteção, o que tem tornou possível a reviravolta no conflito.
“A digitalização no último ano e meio esteve mais presente que nunca e do lado oposto temos a Rússia. O que a Rússia faz – desligar internet, para não se ter acesso à verdade [bloqueando sites estrangeiros] – é basicamente uma regressão, em vez de desenvolver o seu povo e o seu país. Para nós, ucranianos, a nossa fronteira é uma fronteira de mundo livre. Estamos do lado da liberdade, digitalização, aprender com o passado e desenvolver o país”, defendeu Klitschko.
“Entrámos nesta guerra de defesa, para defender as nossas vidas, cidades, famílias e o nosso país como um underdog” [o mais fraco], afirmou Klitschko, em alusão ao termo utilizado no boxe.
“Agora, passou mais de um ano e meio de luta, dor e incerteza, mas continuamos a lutar”, adiantou.
A Kyiv Digital é uma plataforma oficial de Kiev utilizada anteriormente para comprar bilhetes para transportes e que atualmente alerta para ataques aéreos e direciona os utilizadores para abrigos antiaéreos.
O campeão mundial de boxe e irmão do presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, declarou que esta “é uma luta entre o bom e o mau”.
“Temos de escolher de que lado estamos, não pacífica, mas ativamente, [este] é o foco principal dos ucranianos, estamos do lado da democracia, do direito de viver, criar e que queremos ser parte do mundo livre e lutar pelo bem”, afirmou Klitschko.
“A guerra tem muitas camadas, como por exemplo o inverno passado, em que os russos pensaram que íamos congelar, devido às fontes de energia, gás e óleo. Agora com outro inverno à porta, há muitos detalhes em que temos de ser precisos. Para vencermos, temos de nos adaptar”, continuou.
Com esta guerra “a Ucrânia identificou-se a si mesma como uma nação devido ao genocídio que está a acontecer” nos últimos dois anos, disse o ex-pugilista, de 47 anos.
“A Ucrânia é o maior país da Europa, pedimos ajuda, mas não se esqueçam que a Ucrânia tem muito para oferecer, porque somos um país grande e rico, com o nosso solo e pessoas talentosas”, disse Klitschko, fazendo alusão aos ucranianos ligados à criação de plataformas digitais.
Em relação aos jogos olímpicos do próximo ano em Paris, em que a Ucrânia já se opôs à participação da Rússia e do seu aliado, a Bielorrússia, o ex-atleta defendeu que o desporto “tem tudo a ver com política”.
“Banir a Rússia e a Bielorrússia deve ser uma consequência” desta guerra, onde “todas as noites estamos a ser atacados, vidas estão a ser tiradas e infraestruturas destruídas”, frisou.