Demitiu-se do Hospital de Portimão a médica que denunciou colega e director de cirurgia em Faro

Diana de Carvalho Pereira estava no Hospital de Portimão, depois de, em Abril, ter denunciado vários casos de erro e negligência pelo ex-orientador de formação e pelo director do Serviço de Cirurgia do hospital de Faro.

Diana de Carvalho Pereira demitiu-se do Hospital de Portimão, onde se encontrava a realizar um estágio, depois de, há dois meses, ter acusado um colega e o director de cirurgia de negligência no Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.

“A exposição da queixa e todas as represálias que lhe seguiram têm mexido com a minha saúde mental. Podia continuar a fingir-me de forte até colapsar mas por saber priorizá-la, prefiro resguardar-me já”, justificou a interna de cirurgia geral, numa publicação no Instagram. “Sabia que fazer uma queixa iria ter repercussões. E estou a lidar com elas como posso. Preciso de descansar, estar junto dos meus, estudar e orientar a cabeça e o meu futuro”.

O mais relevante na decisão agora tomada é que Diana de Carvalho Pereira “estava numa cidade nova”, onde não conhecia ninguém que pudesse apoiá-la “numa fase complicada da minha vida em que preciso de um suporte emocional que aqui não tenho”.

Considerando o Hospital de Portimão “totalmente diferente, organizado e com bons profissionais”, sem “nada de mal a apontar”, Diana de Carvalho Pereira lamentou que tivesse internos suficientes para a carga de trabalho do serviço e que não lhe fossem destinadas muitas tarefas o que, “para quem gosta de trabalhar, é algo bem mais angustiante do que ter tarefas a mais”.

Além disso, “não tinha verdadeiramente um orientador, era distribuída pelas várias equipas, mas sem alguém responsável” para orientá-la no trabalho do dia-a-dia e acompanhá-la na formação como interna. Estando a meio de um estágio de três meses, a médica interna considera “angustiante” não saber o que vai fazer “daqui a um mês e meio e não poder ter controlo” sobre o processo.

Diana Pereira de Carvalho acusou, em Abril, o ex-orientador de formação e o director do Serviço de Cirurgia do hospital de Faro, de vários casos de erro e negligência, registados naquela unidade hospitalar, entre Janeiro e Março deste ano, e alegadamente praticados pelo antigo orientador, que não identificou.

Na denúncia, a que o NOVO teve acesso, a médica relatou 11 casos que resultaram em três mortes, dois internamentos nos cuidados intermédios e vários casos de lesão corporal associada a erro médico. De acordo com a médica, estas lesões vão desde “castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida”.