Ainda é uma incógnita se o mundo está mais confiante após uma semana de debates e acordos entre quase 3 mil decisores políticos, executivos de empresas, organizações internacionais, académicos e líderes de opinião presentes na 54.ª reunião anual do Fórum Económico Mundial. Certo é que foram dados passos nesse sentido, desde logo pelas intervenções do presidente da Ucrânia e da presidente da Comissão Europeia, de apoio, ou do primeiro-ministro da China, no sentido de cooperação com a UE.
A diplomacia, mas também a economia, a tecnologia e o clima marcaram mais um World Economic Forum (WEF) em Davos, na Suíça. Entre 450 sessões e workshops, subordinados ao tema “Reconstruir a Confiança”, foram lançadas mais de 50 iniciativas de elevado impacto socioeconómico, como a Humanitarian and Resilience Investing, para impulsionar investimento de impacto, que desbloqueou 15 mil milhões de dólares (cerca de 14 mil milhões de euros) em mercados fronteiriços.
“A reunião deste ano acontece num momento crítico e complexo não apenas para o mundo, mas para cada pessoa que está nele. O aumento da temperatura global, uma ainda frágil economia e um panorama de segurança em deterioração são desafios que não estão limitados por fronteiras. Afetam-nos a todos. Já não existe essa coisa de país, empresa ou comunidade isolada dos choques globais. No que diz respeito a aproveitar oportunidades, não é possível fazê-lo sozinho”, afirmou o presidente do WEF, Børge Brende, no discurso de encerramento, esta sexta-feira.
Portugueses não faltaram na lista de oradores, como António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, Mafalda Duarte, diretora-executiva do Fundo Verde para o Clima, ou Cláudia Azevedo, CEO da Sonae. Porém, outras personalidades nacionais foram convidadas e marcaram presença, nomeadamente Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), Miguel Stilwell d’Andrade e Vera Pinto Pereira, CEO da EDP e CEO da EDP Comercial, respetivamente, e Gabriela Figueiredo Dias, presidente do IESBA – International Ethics Standards Board for Accountants. Rita Nabeiro, CEO da Adega Mayor e administradora executiva do grupo Nabeiro – Delta Cafés, também foi a Davos para participar em eventos à margem.
“É provável” corte de juros no verão
Uma das intervenções mais esperadas da cimeira era, sem dúvida, a da presidente do Banco Central Europeu (BCE), que esteve presente em três painéis durante esta semana e ainda deu uma entrevista à Bloomberg com informações que podem mexer com o bolso dos portugueses: Christine Lagarde admitiu cortes nas taxas de juro este verão – uma declaração que está alinhada com a perspetiva defendida pelo governador do BdP.
“É provável”, disse Christine Lagarde, quando questionada sobre se é possível começar os cortes no verão deste ano e se haveria uma maioria dentro do Conselho do BCE a apoiar esta medida.
“Mas tenho de ser reservada, porque temos sido dependentes de dados e ainda existe um nível de incerteza, e alguns indicadores ainda não atingem os níveis que nós gostaríamos”, argumentou, na entrevista à agência noticiosa e financeira, à margem do fórum na estância de esqui suíça.
Estas declarações vão no sentido contrário às de alguns falcões do BCE. “Vários falaram recentemente. Cada um tem a sua opinião, respeito-as completamente.” Confrontada com essa constatação, retorquiu: “Geralmente, unimo-nos quando tomamos as decisões com base em dados. Alguns têm os seus dados nacionais, as suas taxas de inflação, que são diferentes de país para país.”
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