D. Américo Aguiar promete contas transparentes
Cardeal falou aos jornalistas e deu por terminada a conferência de imprensa, deixando ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares estupefacta. A governante saiu indignada.
A Jornada Mundial da Juventude correu muito bem e deixou os portugueses muito orgulhosos, ao contrário da conferência de imprensa desta manhã, em que Igreja, governo e autarquias iam fazer a avaliação do evento, mas acabou tudo à beira de um ataque de nervos.
O cardeal D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e o principal rosto da organização por parte da Igreja, apresentou-se na conferência de imprensa acompanhado da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e dos presidentes de câmara de Lisboa, Loures, Oeiras e Cascais, havendo a expetativa de que todos iam falar – pelo menos era o que tinham dito aos jornalistas.
Acontece que falou o padre João Chagas, representante do Vaticano, e depois o cardeal D. Américo Aguiar, que agradeceu a toda a gente o êxito da JMJ e prometeu apresentar contas até ao último cêntimo de tudo o que foi gasto com o evento que trouxe o Papa a Lisboa entre 2 e 6 de agosto, conjuntamente com mais de um milhão de jovens de todo o mundo.
Mas, depois, disse que tinha de ir “comer um arroz malandrinho” e deu por terminada a conferência de imprensa, convidando os jornalistas a solicitarem, se quisessem, entrevistas individualmente aos representantes das entidades públicas nos espaços preparados para o efeito no Pavilhão Carlos Lopes.
Ninguém contava com a pressa do cardeal para comer “o arroz malandrinho” – o NOVO apurou que será no tal almoço com o primeiro-ministro – e todos se entreolharam.
Ana Catarina Mendes, com um olhar de estupefação, foi a primeira a tomar a iniciativa de se ir embora. E notava-se que saiu incomodada.
Os presidentes de câmara Carlos Moedas, Ricardo Leão, Isaltino Morais e Carlos Carreiras, e também o coordenador do Grupo de Trabalho para a JMJ, José Sá Fernandes, ainda ficaram uns minutos, mas também acabaram por sair ao som de desagrado dos jornalistas, que pediam explicações a Rosa Pedroso Lima, a responsável pela comunicação da JMJ, mas sem retorno porque a própria também não sabia o que dizer.
A desculpa foi que a conferência de imprensa anterior, sobre segurança, com o ministro da Administração Interna, tinha demorado mais tempo do que o previsto. Contudo, os jornalistas consideraram estranho que a seguinte não tivesse podido continuar sem a presença do cardeal. Começou tudo bem e acabou de uma forma estranha.
Antes desta conferência de imprensa acidentada tinha-se realizado outra, no mesmo local, sobre segurança, com todos os intervenientes: o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro; o secretário-geral do Serviço de Segurança Interna, embaixador Paulo Viseu Pinheiro; o diretor-nacional da PSP, Magina da Silva; o comandante-geral da GNR, Santos Correia; o diretor-nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves; o diretor-nacional do SEF, Paulo Batista; o representante da Autoridade Marítima Nacional, José Sousa Luís; e os representantes da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Duarte Costa, da Autoridade Nacional Aeronáutica, Carlos Paulos, do INEM, Luís Meira, e da direção nacional de Cibersegurança, Júlio César.
Todos repetiram a mesma ideia: foi um sucesso a JMJ 2023. E todos disseram que se sentiam orgulhosos, sublinhando a imagem positiva que os portugueses passaram para o mundo, fazendo ressoar as palavras do Papa Francisco que, este domingo, durante a viagem no avião, confessou aos jornalistas ter visto em Lisboa a mais bem preparada JMJ. Todos os representantes das entidades envolvidas na segurança da JMJ falaram na conferência de imprensa, com discursos encomiásticos, mas longos, provocando que a conferência de imprensa seguinte fosse um desastre – o único nesta JMJ.