A Cruz Vermelha disse hoje estar em contacto com Hamas e com as autoridades israelitas para trabalhar pela libertação dos reféns que o movimento islamita fez no ataque surpresa lançado contra Israel, no sábado. O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu também que “ambos os lados reduzam o sofrimento dos civis”, de acordo com um comunicado.
“Como intermediários neutros, estamos prontos para realizar visitas humanitárias, facilitar a comunicação entre os reféns e familiares, e facilitar qualquer possível libertação”, sublinhou o diretor regional do CICV para o Médio Oriente, na mesma nota.
Fabrizio Carboni lembrou também que a tomada de reféns é proibida pelo Direito Internacional Humanitário e qualquer pessoa detida deve ser imediatamente libertada.
Acredita-se que dezenas de israelitas e estrangeiros, soldados, civis, crianças e mulheres, estejam nas mãos do Hamas na Faixa de Gaza, desde o início da ofensiva. As autoridades israelitas identificaram 150 reféns, enquanto centenas de pessoas continuam desaparecidas e corpos continuam a ser identificados.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também lançou um processo de negociações com o Hamas para obter a libertação dos reféns, disse uma fonte oficial à agência de notícias France-Presse na noite de quarta-feira.
Carboni mostrou-se também preocupado com o destino dos civis na Faixa de Gaza, na sequência do aumento dos bombardeamentos israelitas sobre o enclave palestiniano controlado pelo Hamas.
Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza e cortou o abastecimento de água, combustível e eletricidade ao território, onde vive mais de dois milhões de pessoas. À medida que Gaza perde energia, “os hospitais perdem energia, pondo em risco recém-nascidos colocados em incubadoras e pacientes idosos a receber oxigénio. A diálise renal é interrompida e os raios-X não podem ser realizados”, lembrou o responsável.
“Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em morgues”, sublinhou o dirigente da Cruz Vermelha, sublinhando também que o acesso à água potável já é difícil em Gaza. “Nenhum pai quer ser obrigado a dar água suja a uma criança com sede”, insistiu Carboni.
O Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou a 07 de outubro um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação Tempestade al-Aqsa, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de rebeldes armados por terra, mar e ar. Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas naquele território palestiniano, numa operação que batizou como Espadas de Ferro.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está “em guerra” com o Hamas, que foi internacionalmente classificado como movimento terrorista não só por Israel, como pelos Estados Unidos e pela União Europeia e por outras nações.
Israel, que impôs um cerco total à Faixa de Gaza e cortou o abastecimento de água, combustível e eletricidade, confirmou mais de 1.200 mortos e 3.700 feridos desde o início da ofensiva do Hamas, apoiada pelo Hezbollah libanês e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.