Os desacatos observados na Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto e, mais recentemente, junto à residência de André Villas-Boas foram criticados esta quinta-feira pelo treinador dos vice-campeões nacionais de futebol.
“Olhamos para aquilo que se passa à volta. Como empregado do FC Porto, tenho de me focar na equipa. O meu papel é [ser] treinador de futebol. Tenho de preparar a equipa da melhor maneira, mas olhando também para estes acontecimentos que têm feito parte do nosso clube e que me deixaram absolutamente triste. Obviamente, repudio qualquer tipo de violência. Como associado [do FC Porto] que sou há 27 anos, aquilo que ouvi na AG deixa-me triste e é condenável”, admitiu Sérgio Conceição, em conferência de imprensa.
O treinador comentava a turbulência vivida nos últimos dias no universo ‘azul e branco’, na véspera da receção dos ‘dragões’, detentores do troféu, ao Montalegre, da Série A do Campeonato de Portugal, quarto escalão nacional, na quarta ronda da Taça de Portugal.
“Estamos empenhados em trabalhar. Sinceramente, não falamos muito dessas situações no balneário e, muito menos, nos treinos. A mensagem que queremos passar é que os adeptos continuem a ser apaixonados e que nos apoiem, porque vamos necessitar muito deles”, notou, esperando sentir “um ambiente de vitória em todos os sentidos” no final do encontro, que marca o regresso dos sócios ao Estádio do Dragão 11 dias depois da AG.
A deliberação sobre a revisão estatutária do FC Porto liderava os trabalhos dessa sessão de 13 de novembro, que teve de ser transferida à última hora de um auditório do estádio para o Dragão Arena, face à forte afluência, e reiniciou com atraso, tendo várias pessoas deixado o pavilhão ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações nas bancadas.
Suspensa logo no próprio dia pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), José Lourenço Pinto, a reunião ainda foi reagendada para segunda-feira, mas seria cancelada dois dias antes, após a retirada da proposta em debate pelo Conselho Superior do clube.
“Acho que os sócios querem vitórias e títulos, mas não querem ver certas situações que aconteceram, infelizmente. Somos de uma região muito apaixonada pelo nosso clube e dedicada à causa. Não somos aquilo que vimos neste passado muito recente”, lamentou Sérgio Conceição, dois dias depois de o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa ter falado dessas incidências e da atualidade ‘azul e branca’ em entrevista ao canal televisivo SIC.
Questionado sobre a renovação com o técnico, que termina contrato no final da época, o dirigente fez depender a permanência do recordista de jogos, vitórias e títulos ao leme do FC Porto do desfecho das eleições, que devem acontecer no primeiro semestre de 2024.
“O próximo ciclo [de jogos] poderá definir muita coisa em relação ao futuro da equipa nas provas internas e na Liga dos Campeões. Esse é o meu foco. Sou empregado do clube e não tenho de comentar as palavras do presidente. Sobre mim, não vejo qual é o espanto. A minha última renovação foi há [menos de] três anos e em junho. No fundo, renovei nas férias. Nesta fase, estou preocupado em que a equipa ganhe e conquiste títulos”, frisou.
Um dia depois da entrevista de Pinto da Costa, André Villas-Boas, ex-técnico e eventual candidato à presidência dos ‘dragões’, denunciou terem acontecido “atos de violência e vandalismo” durante a madrugada de terça para quarta-feira na sua residência, no Porto.
O vice-campeão nacional FC Porto mede forças com o Montalegre na sexta-feira, a partir das 20:45, no Estádio do Dragão, no Porto, em jogo da quarta eliminatória da 84.ª edição da Taça de Portugal, com arbitragem de Hélder Carvalho, da associação de Santarém.
Os dragões, segundos mais titulados da prova, com 19 êxitos, seguem na defesa de um troféu logrado por três vezes com Sérgio Conceição, incluindo nas últimas duas épocas.