Chega no epicentro dos 13 grupos de extrema-direita identificados em Portugal

Maioria dos grupos foram criados só nos últimos 10 anos. Projecto Global contra o Ódio e o Extremismo aponta que “fervor nacionalista branco e anti-imigração em Portugal é muito preocupante”.

São 13 os grupos de extrema-direita que actuam em Portugal, a maioria criados só nos últimos 10 anos, segundo o mais recente relatório do Projecto Global contra o Ódio e o Extremismo (GRAPHE, em inglês).

Segundo o GRAPHE, os 13 grupos grupos de ódio e extremistas identificados “mantêm crenças e actividades que menorizam, assediam ou inspiram violência contra pessoas com base nos seus traços de identidade”.

Entre a maioria, estão grupos anti-imigração, nacionalistas brancos ou ambos, grupos neonazis; anti-semitas, anti-mulher, anti-ciganos, assim como conspiracionistas, alguns dos quais começaram em resposta às medidas de saúde durante a pandemia de Covid.

Chega no epicentro da extrema-direita portuguesa
O estudo do GRAPHE aponta a crescente influência do Chega no panorama da extrema-direita portuguesa, enfatizando que, “em particular”, tem trabalhado para “envenenar” o discurso nacional com uma retórica racista, anti-LGBTQIA+, anti-imigração e anti-cigana. E, ao mesmo tempo, funciona como “vector comum para movimentos mais radicais da extrema-direita portuguesa”.

“A rápida ascensão e influência do Chega é um aviso de que nenhum país é verdadeiramente imune a forças exclusivistas, demagógicas, e que até mesmo minúsculos partidos de extrema-direita podem expandir rapidamente a sua base de apoio”, destaca-se.

Caracterizando o partido liderado por André Ventura como muito semelhante aos “típicos partidos populistas de extrema-direita em toda a Europa”, o relatório assinala que o apoio do Chega entre a população portuguesa disparou desde 2019 e as sondagens recentes colocam-no não muito longe do terceiro lugar, com cerca de 13% dos votos na última sondagem.

“O fervor nacionalista branco e anti-imigração entre os grupos de extrema-direita em Portugal é muito preocupante”, apontou a co-fundadora do Projecto Global contra o Ódio e o Extremismo, Wendy Via. “Especialmente quando partidos políticos e grupos radicais estão a espalhar o mesmo ódio.”

O GRAPHE assinala ainda que Portugal era visto, por muitos observadores internacionais, como um caso de excepção de um país sem um grande partido populista de extrema-direita, especialmente após o período pós-revolucionário. No entanto, a rápida ascensão do Chega vem lembrar que nenhum país está verdadeiramente imune a forças demagógicas e de exclusão e pequenos partidos de extrema-direita podem rapidamente expandir a sua base de apoio.

Tendência de influência internacional
O relatório refere ainda a existência de uma tendência de influência internacional, sendo os grupos presentes em Portugal exemplificativo de que os movimentos de extrema-direita e de ódio são verdadeiramente transnacionais.

“Por exemplo, a extrema-direita portuguesa bebe dos movimentos neofascistas franceses (Movimento Social Nacionalista), neofascistas italianos (Escudo Identitário/Força Nova), identitários franceses (Portugueses Primeiro/Escudo Identitário) e até supremacistas brancos americanos (Proud Boys Portugal)”, destaca o relatório.

A teoria da conspiração da “Grande Substituição”, comum entre grupos de extrema-direita na Europa e nos Estados Unidos, também se apoderou de partes da extrema-direita portuguesa, com mais de metade dos grupos a divulgarem esta teoria.

A lista completa inclui os seguintes grupos:
Active Club Portugal
Alternativa Democrática Nacional (ADN)
Associação Portugueses Primeiro
Blood and Honour (B&H) Portugal
Chega!
Chega Juventude
Habeas Corpus
Ergue-Te/Partido Nacional Renovador (PNR)
Escudo Identitário
Força Nova
Movimento Social Nacionalista
Portugal Hammerskins
Proud Boys Portugal