Miguel Castro declarou hoje não estar na Assembleia Regional para viabilizar a governação de Miguel Albuquerque, mas para garantir estabilidade no arquipélago, tendo os restantes partidos da oposição insistido na falta de confiança no governante.

“Não estamos aqui para viabilizar Miguel Albuquerque, mas porque a Madeira precisa de estabilidade”, afirmou o deputado do Chega Madeira no debate da segunda proposta do Programa do Governo, que será votada hoje em forma de moção de confiança.

Miguel Castro considerou que hoje é “o dia D para a política regional”, acrescentando que o Chega “ainda está a negociar até ao momento” com o Governo Regional. Referindo-se ao PS e ao JPP, por terem recusado negociar, o eleito sublinhou que “em democracia não vale a ‘partidarite’”.

O deputado pediu uma resposta objetiva a Albuquerque sobre se “vai ou não abandonar o cargo se for formalmente acusado” pelo Ministério Público no âmbito do processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira, no qual o social-democrata foi constituído arguido.

O presidente, reeleito em maio, respondeu: “Eu não prescindo, nem nunca prescindirei de direitos de cidadania enquanto político”. Para o governante, “a situação de um processo está sujeita a uma avaliação aleatória”.

“Qualquer situação de insustentabilidade do ponto de vista judicial eu sou o primeiro a reconhecer”, sublinhou, considerando, contudo, “inaceitável” os políticos ficarem “diminuídos” neste tipo de processos.

O líder parlamentar do PS, Paulo Cafôfo, insistiu na crítica de que o processo que levou à negociação do Programa do Governo foi “uma encenação, farsa e fantochada” e censurou a postura do Chega, que, no seu entender, “sempre quis viabilizar o governo, só não sabia como fazê-lo”.

Pelo Juntos Pelo Povo, Élvio Sousa argumentou que a nova proposta do executivo madeirense é “um velho Programa do Governo” que visa essencialmente “proteger os lordes desta terra”. Na sua opinião, o executivo “está podre”.

Quanto ao deputado único da Iniciativa Liberal, Nuno Morna, reiterou que a equipa de Albuquerque “não merece a confiança” do partido, e acusou o chefe do executivo de “manter o PSD refém das suas vontades” e de promover a política do medo pelo facto de a Madeira não ter Orçamento Regional aprovado para 2024.

Já a deputada única do PAN, Mónica Freitas, criticou Albuquerque por não ter dialogado com os partidos antes de apresentar a primeira proposta do Programa, considerando que agiu como se o PSD tivesse ainda maioria absoluta.

A eleita alertou para a situação “de dependência” do Governo Regional em relação ao Chega, que, referiu, não é “um partido de palavra”.

A deputada Sara Madalena, do CDS, disse que a Madeira vive “uma situação pioneira” porque tem pela primeira vez uma maioria relativa. Este cenário de diálogo partidário, defendeu, “não pode ser transformado num número circense”.

Pelo PSD, o líder parlamentar, Jaime Filipe Ramos, reforçou que o partido tem “legitimidade para governar”, mas a partir de agora “tem de saber dialogar e ceder”.