A CEO da Web Summit, que há duas semanas substituiu Paddy Cosgrave no cargo, garantiu esta segunda-feira que a cimeira tecnológica de Lisboa é um espaço onde há “direito a expressar a opinião”.
“Se não tivéssemos o direito a expressar opiniões aqui, os palcos estariam vazios de debates. Este é o sítio para virem ser desafiados e desafiarem. Peço-vos é que o façam de forma respeitosa”, afirmou a gestora, na sessão de abertura da Web Summit 2023, que decorre até quinta-feira no Parque das Nações.
Numa intervenção inicialmente introspetiva, Katherine Maher reconheceu que os tweets sobre o conflito Israel-Hamas “magoaram algumas pessoas, inclusive esta comunidade”; porém, “ele pediu desculpa e demitiu-se”. “Vocês vieram. Gostam da Web Summit. A comunidade é importante para vocês e o que dizemos e o que vocês dizem importa”, agradeceu à audiência.
Katherine Maher apelidou ainda a capital portuguesa de “cidade gloriosa” e lembrou que não é primeira vez que está nesta conferência. Em 2019 esteve na Altice Arena e ficou “maravilhada” com o tamanho da multidão, ficando “inspirada com o impacto da Web Summit”. “É onde dezenas de milhares de nós criam conexões”, referiu.
O arranque do evento realiza-se esta tarde e conta com as intervenções da CEO da Web Summit, Katherine Maher, do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e de outras personalidades mais ligadas ao ecossistema empreendedor, como Jimmy Wales, fundador da Wikipédia, Vasco Pedro, CEO da Unbabel, e Cristina Fonseca, managing partner da Indico Capital Partners.
É sem o empreendedor irlandês Paddy Cosgrave, sem uma panóplia de tecnológicas de renome e sem os efusivos apertos de mão de Marcelo Rebelo de Sousa que Lisboa recebe, a partir de hoje, mais uma edição da Web Summit. Nos próximos três dias, o Parque das Nações deverá receber perto de 70 mil pessoas.
Paddy Cosgrave demitiu-se a 21 de outubro na sequência de uma polémica gerada por tweets que publicou onde se podia ler: “Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez está a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados e devem ser denunciados pelo que são.”
A cimeira terá menos nomes sonantes nos painéis, depois de uma debandada de empresas e até de membros do governo, mas espera-se um recorde no que aos empreendedores diz respeito, um dos principais focos deste evento. No total há 2.600 startups registadas, o que representa um acréscimo de cerca de 300 startups em relação ao máximo histórico de novembro do ano passado.
À capital portuguesa prevê-se que cheguem mais de 800 investidores e aproximadamente 2 mil jornalistas confirmados ou representantes dos media, que se concentrarão no tradicional recinto entre a Altice Arena e a FIL – Feira Internacional de Lisboa, num espaço de cerca de 215 mil m2 — mais 11 mil m2 do que na edição anterior.
As primeiras startups a subir ao palco principal da Web Summit foram a Solvimon (plataforma de faturação), a The Natural Nipple (amamentação), Tranch (pagamentos em modelo BNPL – buy now pay later para negócios), a Fizz (rede social para alunos universitários), a Sproxxy (plataforma digital para medir o impacto da presença em conferências), a Socket (cibersegurança) e a Daye (saúde feminina).