Centenas de trabalhadores não docentes estão hoje a manifestar-se em Lisboa para exigir melhores condições de trabalho e a valorização salarial daqueles que dizem fazer tudo nas escolas, num dia marcado pela greve que encerrou estabelecimentos por todo o país.

A concentração estava marcada para as 14h30 em frente à Basílica da Estrela e, apesar do atraso, o protesto convocado pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) já juntava várias centenas de pessoas uma hora depois, quando a marcha arrancou em direção ao edifício do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, que funciona junto à Avenida 24 de Julho.

“Salário mínimo a vida toda? Não, obrigada” e “Trabalhadores não docentes exigem carreiras decentes” são algumas das mensagens nos cartazes que vão exibindo, enquanto gritam palavras de ordem como “A negociação é um direito, sem ela nada feito”.

No protesto, estiveram presentes os líderes do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e do PCP, Paulo Raimundo.

Antes mesmo do início da marcha, Mariana Mortágua foi interpelada por uma das manifestantes, Rosa Ferreira, assistente operacional numa escola em Cascais, que quis denunciar a sua situação.

“Tenho o maior orgulho na minha profissão, mas o maior desgosto com o meu salário. Ganho 821 euros”, contou, lamentando o que disse ser uma situação vergonhosa e defendendo a criação de uma carreira especial e dignidade para a profissão.

Os problemas de Rosa Ferreira são partilhados por milhares de profissionais, relatou à Lusa outra trabalhadora não docente, que conta como muitas colegas com mais de 30 anos de serviço continuam a ganhar o salário mínimo.

Os trabalhadores não docentes exigem a criação de carreiras especiais, aumentos salariais e melhores condições de trabalho.

A FNSTFPS também pede uma revisão da portaria de rácios que aumente o número de trabalhadores, o fim da precariedade e um reverso no processo de municipalização.

Na sequência do processo de descentralização, os trabalhadores não docentes passaram a ser contratados pelas autarquias, mas o próprio ministro da educação já defendeu a necessidade de repensar a situação desses profissionais.