Carlos Moedas quer transformar Lisboa no “porto seguro” da inovação para salvar a democracia e a humanidade. É o novo sonho do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, depois de ter concretizado a Fábrica de Unicórnios.

“Quero anunciar um novo projeto para Lisboa. Queremos passar da Fábrica do Unicórnio para o Porto Seguro da inovação, para o sítio onde nos sentimos livres. O lugar onde toda a gente é o que é. A diferença em Lisboa é que ninguém quer mudar ninguém. Acolhemos toda a gente e toda a gente tem o direito de ser o que quiser. Essa é a beleza da coisa”, anunciou o autarca.

Moedas contou em palco como surgiu a ideia de querer transformar a capital num “porto seguro” da inovação.

“Na semana passada, estava a inaugurar os escritórios do nosso 12.º unicórnio, uma empresa da Dinamarca, uma empresa chamada Pleo, e o CRO, um homem fantástico chamado Arun Mani, estava a dizer-me porque escolheu Lisboa”, começou por explicar. “Perguntei-lhe: ‘Porque vieste para Lisboa? Há alguma razão para teres vindo para Lisboa?’ e ele disse ‘Sabes, Lisboa é uma das cidades onde, desde o primeiro momento, sentes que pertences. E, quando pertencemos, tornamo-nos mais criativos. Sentimo-nos livres'”.

Foi esta visão de Lisboa que Carlos Moedas considerou “interessante” e que o levou a lançar este novo projeto para a capital, recorrendo à história da fundação de Lisboa, no tempo dos fenícios.

“Esta cidade, historicamente, foi exatamente isso. Em 1200 a.C., quando os fenícios criaram a cidade de Lisboa, chamaram-lhe Allis-Ubo, que em fenício significava ‘porto seguro’. Imaginem só. Porto seguro, porque esta foi a cidade onde durante séculos as pessoas trabalharam em conjunto, pessoas de diferentes religiões – muçulmanos, judeus, cristãos – trabalhando em conjunto na diversidade. Essa era a grande força da nossa cidade”.

O objetivo de Carlos Moedas na criação deste porto seguro é o de salvar a democracia e a humanidade. Por isso, aproveitou para lançar um desafio a esta geração.

“Há um desafio à vossa geração: se querem democracia, se querem um futuro para os vossos filhos, têm mesmo de focar a tecnologia na humanidade. Têm de ter um projeto para mudar a democracia para melhor e isso significa que todos vós, com as vossas empresas, têm de trabalhar para resolver os problemas de hoje”.

Quais os principais problemas a ultrapassar? Carlos Moedas elencou-os: “Os problemas de hoje são: onde construir mais habitação para as pessoas que são pobres, que não podem pagar renda? O que se pode fazer em relação aos cuidados de saúde? O que se pode fazer em relação às alterações climáticas?”

Por isso, Carlos Moedas chama todos a Lisboa “para nos ajudarem a resolver estes problemas, porque é a única forma de contribuírem para o futuro do mundo, se a tecnologia se tornar algo que ajude a humanidade e a democracia”.

“A vossa responsabilidade, a partir de agora, é que passem da inovação a que estavam habituados para a inovação que pode ajudar a democracia a progredir. Venham para o porto seguro de Lisboa, venham com os vossos amigos, ponham aqui a vossa empresa e ponham-na ao serviço das pessoas”, desafiou Moedas.

“Este é o meu sonho sobre Lisboa e como os meus sonhos se tornaram realidade convosco, espero que este sonho também se torne realidade”.

Orgulho na Fábrica de Unicórnios

Antes de apresentar o novo Porto Seguro, Carlos Moedas partilhou o enorme orgulho que sente por ter conseguido criar a Fábrica de Unicórnios em Lisboa, dois anos depois de o ter partilhado no mesmo palco da Web Summit.

“Há dois anos, estive aqui para vos falar do meu sonho e o meu sonho era fazer de Lisboa a capital da inovação da Europa. Era esse o meu sonho na altura, mudar realmente a forma como se olha para a inovação”, começou por explicar. “É muito duro, é um processo duro e era isso que eu queria fazer, criar em Lisboa: uma fábrica de unicórnios. E foi isso que fizemos. Criámos nesta cidade um dos maiores programas de scale ups e inovação chamado Fábrica de Unicórnios. E fizemo-lo graças a vocês, porque vocês estiveram cá para ajudar”

“Na altura, ninguém acreditou. Os especialistas políticos disseram: ‘Não, não vai acontecer. Não vão atrair ninguém para Lisboa’. E eu disse: ‘Sim, vamos fazer esta Fábrica de Unicórnios e vamos atrair bons talentos para Lisboa’. E dois anos depois, aconteceu”.

Moedas enumerou ainda o que a Fábrica de Unicórnios já alcançou: “Hoje temos mais de 54 empresas tecnológicas que vieram para o nosso país, para a nossa cidade, e que vêm de 23 países diferentes para criar emprego em Lisboa”.

“Dessas, 12 são unicórnios, fazem parte do sonho de se tornar um unicórnio. Vieram também para criar emprego, porque são vocês que criam emprego. Não são os políticos, são vocês que criam emprego. Todas essas empresas estão em Lisboa e é por isso que vos quero agradecer. Anunciaram mais de 10 mil postos de trabalho em Lisboa. É isso que é, foi isso que fizeste e é por isso que estou tão orgulhoso, tão orgulhoso de ter criado esta fábrica de unicórnios”.