Carlos Eduardo Reis rejeita ser o “idiota útil” do PSD para se “derrubarem dois ministros”

Deputado abordou “por transparência e lealdade” as reportagens emitidas na terça e ontem à noite pela TVI/CNN Portugal.

O deputado do PSD Carlos Eduardo Reis disse hoje não estar disponível para ser o “idiota útil” do partido para que se possam derrubar dois ministros (ministro das Finanças, Fernando Medina, e ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro) e haver eleições antecipadas.

Na reunião da bancada parlamentar, segundo relatos feitos à Lusa, o deputado abordou “por transparência e lealdade” as reportagens emitidas na terça e ontem à noite pela TVI/CNN Portugal, e que dão conta de que no âmbito da Operação Tutti Frutti foram interceptadas escutas e comunicações que apontam para um alegado “pacto secreto” entre PSD e PS para cada partido manter a liderança de determinadas juntas de freguesias de Lisboa nas eleições autárquicas de 2017.

Perante os deputados, negou ter cometido qualquer ilegalidade, disse que nunca foi ouvido pela justiça, e mostrou desconforto por o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, ter ontem abordado o tema no debate com o primeiro-ministro sem lhe ter dado “uma palavra” prévia.

“Não estarei disponível para ser o idiota útil e muito menos sangrado na comunicação social porque dá jeito tirar dois ministros do Governo para haver eleições antecipadas”, avisou, ressalvando que não está a dizer que é essa a intenção da direcção do PSD.

Na resposta, o líder parlamentar do PSD considerou ter separado bem o que tinha ver com a justiça e a política, justificando que havendo um caso que “envolve os dois maiores partidos do regime seria incompreensível que o PSD não trouxesse a questão ao debate” com o primeiro-ministro.

O nome do actual deputado Carlos Eduardo Reis é citado na reportagem por alegadamente ter havido favorecimento a uma empresa que detinha na altura para a construção de um campo desportivo. À TVI/CNN, o deputado já tinha negado a relação com alegado esquema de corrupção na Câmara de Lisboa: “Nunca corrompi ninguém”, referiu.

Primeiro num ‘tweet’ do presidente Luís Montenegro e, depois, de viva voz pelo secretário-geral, Hugo Soares, o PSD afirmou na terça-feira que o partido “não pactuará com qualquer falha ética ou de legalidade”, pedindo rapidez na investigação judicial sobre uma alegada troca de favores entre o partido e o PS nas autárquicas de 2017.