A Câmara do Porto rejeitou, esta quinta-feira, o encerramento do túnel do Campo Alegre para a construção da Linha Rubi do Metro do Porto, alegando que “não pode ser encerrado ao trânsito” por ser uma ‘artéria’ viária fundamental da cidade.
“O plano de obra relativamente à linha Rubi, na sua interseção com a cidade do Porto, previa que o túnel do Campo Alegre, temporariamente, mas por um período, apesar de tudo, alargado, fosse encerrado ao trânsito”, disse hoje o presidente da autarquia, Rui Moreira, aos jornalistas, após se reunir com utentes da linha de autocarro Braga – Porto.
Questionado sobre quanto tempo estaria em causa, o autarca independente não soube precisar, desvalorizando esse fator, notando que “as obras normalmente duram o dobro” do previsto.
“Mas o problema não é o tempo. O túnel do Campo Alegre, como qualquer portuense conhece, não pode ser encerrado ao trânsito. É a única saída que nós temos da parte sul, na ligação com a VCI [Via de Cintura Interna] e com a ponte da Arrábida”, considerou Rui Moreira.
Para o presidente da Câmara do Porto, “quem faz uma obra, tem que compreender que o método construtivo, ou a posição da estação, ou o tipo de estação que vão fazer, não pode fazer com que a cidade perca uma artéria fundamental”.
Em causa estará, segundo o autarca, o método construtivo de ‘cut and cover’, que consiste na abertura de uma trincheira e posterior cobertura da zona, ao invés de uma solução, por exemplo, em túnel.
“Naquilo que estiver ao nosso alcance, não iremos permitir”, vincou.
Questionado se a Câmara do Porto já sabia da intenção de corte do túnel do Campo Alegre quando pediu à Metro do Porto um aditamento ao projeto, para a construção de um parque de estacionamento de 446 lugares na futura estação do Campo Alegre, Rui Moreira negou.
Na quarta-feira, o Tribunal de Contas (TdC) concedeu visto prévio ao contrato de construção da Linha Rubi do Metro do Porto, de 379,5 milhões de euros, cuja consignação e arranque das obras deverão acontecer nos próximos dias, disse fonte oficial da transportadora à Lusa.
No dia 06 de dezembro, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, questionado sobre o avançar da empreitada no Porto, depois de o executivo da Câmara do Porto ter aprovado informar o Governo e a transportadora de que não poderia haver nova empreitada na cidade se não forem resolvidos os constrangimentos nas atuais frentes de obra, afirmou que o projeto da linha Rubi teve a preocupação de “procurar soluções, do ponto de vista da localização das estações, que fugissem àquilo que é a ocupação das vias públicas”.
“Por isso é que a estação do Campo Alegre é num parque de estacionamento e não na via pública”, exemplificou Tiago Braga, acrescentando que a obra arrancará nas frentes que a Metro do Porto considerar importante para cumprir o prazo de ter a obra pronta até 2026.
Questionado sobre se o Porto será poupado às obras no processo inicial da empreitada da linha Rubi, Tiago Braga disse ainda que “não se trata de ser poupado ou não ser poupado”.
“Aquilo que nós temos previsto, e já tive conversas com a Câmara do Porto, é que nós vamos arrancar com as frentes de obra necessárias para termos a ponte, termos a linha, termos o túnel – toda a parte da linha no Porto, com exceção da trincheira que sai em viaduto, é enterrada – e termos as condições para, no final de 2026, termos concluída a operação”, disse aos jornalistas.
A Linha Rubi, com 6,4 quilómetros, inclui uma nova travessia sobre o Rio Douro, e em Gaia, as estações previstas são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música.