O Bloco de Esquerda quer ouvir com urgência  Paulo Rangel, no parlamento, sobre um navio com bandeira portuguesa que transporta explosivos e que os bloquistas acreditam que se destinam ao exército israelita.

“O ministro escolheu uma versão dos factos que oculta a real intenção daquele navio, que oculta a bandeira portuguesa daquele navio e que aquele navio transporta uma carga que se destina ao exército israelita”, acusou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas, em Lisboa.

A coordenadora do Bloco de Esquerda falava momentos depois de ter entregado uma exposição à Procuradoria-Geral da República, acompanhada por Fabian Figueiredo, em que pede ao Ministério Público que “fiscalize e previna que Portugal venha a ser acusado internacionalmente por cumplicidade com um genocídio”.

No final do mês de agosto, após questões levantadas pelo Bloco de Esquerda, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que o navio cargueiro Kathrin, que transporta explosivos, tem pavilhão português, mas é alemão e “não vai para Israel”, assegurando que a embarcação tem como destino dois portos, na Eslovénia e no Montenegro.

“Transporta explosivos, não armas”, afirmou, na altura, o governante.

Mariana Mortágua salientou que o navio é alemão, “mas está registado na Madeira” e tem “bandeira portuguesa”, estando “sujeito às normas e às leis de Portugal”, acrescentando que “o navio vai para a Eslovénia, mas os explosivos que estão dentro daquele navio têm uma guia de destino até Israel” e serão “usados na fabricação de armas”.

Segundo a coordenadora bloquista, este foi o motivo que levou a que este navio “não pudesse ter aportado na Namíbia, onde ia fazer uma pausa técnica”.

“Este mesmo facto levou a que a justiça, neste caso uma instituição homóloga ou análoga ao Ministério Público da Holanda, tenha impedido o transporte de componentes na fabricação de aviões militares que tinham como destino Israel. Todos os dados estão em cima da mesa, há explosivos, há um navio, há uma bandeira portuguesa e há um destino que é o exército israelita”, insistiu.

Além disto, acrescentou, “há uma relatora das Nações Unidas que alerta para o perigo de cumplicidade [de Portugal] com o genocídio”.

“Nós não estamos a falar de uma suspeita, estamos a falar de uma carga que levou a que este navio tivesse sido travado noutros países do mundo precisamente por causa desta questão”, realçou.

O Bloco de Esquerda quer que a bandeira portuguesa seja retirada do navio e apelou hoje, na exposição entregue à Procuradoria-Geral da República, que o Ministério Público “possa intervir e garantir que o direito internacional é cumprido por parte do Estado português”