O Bloco de Esquerda também vai avançar com uma moção de rejeição ao Programa de Governo, depois de o PCP ter anunciado que iria fazê-lo, antes de conhecido o documento.
Mariana Mortágua considera que se trata de um programa que “não resolve problemas dos salários, da saúde, da habitação”, ao mesmo tempo que “promove transferência de riqueza para poucos que já têm tanto e que vão passar a ter mais”.
Uma das medidas criticadas pela coordenadora do Bloco de Esquerda encontra-se a fixação do salário mínimo nacional em mil euros em 2028, mas dependente da produtividade e da inflação. “Não passa de um objetivo, não é qualquer compromisso”, denuncia.
O Bloco de Esquerda considera ainda que a população em geral é preterida em favor dos “grandes patrões e elites financeiras”, não só na questão do salário mínimo nacional, mas também na intenção da descida do IRC sem que haja “qualquer condicionante”.
“Quem vai deixar de pagar? A banca, a EDP, a Galp, as grandes empresas”, aponta. “Este programa faz uma escolha: criar novas áreas de negócio e transferir riqueza que pertence a todos para pequenos interesses económicos e grandes patrões”, acrescenta.
Mariana Mortágua critica também a liberalização pretendida pelo novo Governo em várias áreas, como a Saúde, a Habitação ou o trabalho. Na Saúde, a deputada critica a intenção de colocar o dinheiro dos contribuintes a “pagar o novo negócio (…) que se vai abrir”.
O PCP já tinha anunciado que iria apresentar uma moção de rejeição ao Programa de Governo de Luís Montenegro, sem que o Bloco de Esquerda revelasse anteriormente qual o seu sentido de voto. As dúvidas ficaram agora desfeitas: “Não podemos acompanhá-la”.
O Bloco avança assim com uma moção de rejeição do Programa de Governo, isto apesar de o documento incluir mais de 60 medidas dos restantes partidos: “É um programa de direita, decalcado do programa da confederação dos patrões, todas as medidas propostas por grandes patrões e empresas estão aqui”, acusa.