Joe Biden acredita que há “todos os motivos” para concluir que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está a prolongar a guerra na Faixa de Gaza para a sua própria sobrevivência política.

Em entrevista à Time, o presidente norte-americano, cujas relações com Netanyahu se degradaram nos últimos meses, afirmou que tem um “grande desacordo” com o chefe do governo israelita sobre o pós-guerra no território palestiniano e considerou que Israel se comportou de modo impróprio no conflito.

Questionado se acreditava que o primeiro-ministro israelita estava a prolongar a guerra em prol dos seus próprios interesses políticos, numa fase em que enfrenta ameaças à unidade do seu executivo por parte da fação radical, o presidente norte-americano respondeu que “há todos os motivos para as pessoas tirarem essa conclusão”.

Joe Biden, candidato a um segundo mandato nas presidenciais de novembro, defendeu estar em melhor posição do que o seu rival republicano Donald Trump para garantir que os Estados Unidos continuem a ser “a potência mundial” em assuntos como a Faixa de Gaza a Ucrânia ou Taiwan.

A entrevista à Time ocorreu antes do anúncio do presidente norte-americano, na passada sexta-feira, de uma proposta para um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza, e que identificou como sendo da iniciativa de Israel, mas corrigida por Netanyahu, que afirmou existirem lacunas no plano apresentado e que a trégua seria apenas temporária.

Biden reconheceu que discordava particularmente de Israel sobre a necessidade da criação de um estado palestiniano.

“A minha grande discordância com Netanyahu é o que acontece depois… do fim [do conflito em] Gaza. A que situação [o território] retornará? As forças israelitas voltarão para lá?”, questionou, acrescentando: “Se for esse o caso, não pode resultar”.

Além disso, Biden, que fez do apoio à Ucrânia contra a Rússia uma das constantes da sua política externa, disse estar melhor posicionado do que Donald Trump para “garantir que a Rússia nunca, nunca, jamais ocupe a Ucrânia”.

O líder democrata também criticou seu antecessor republicano, que ameaçou desfazer as alianças tradicionais de Washington e se aproximou de líderes autoritários durante o seu mandato.

“Todos os bandidos apoiam Trump. Dê-me o nome de um líder, além de Orbán e de Putin, que acha que Trump deveria ser o líder mundial nos Estados Unidos”, questionou.

Relativamente às relações tensas com a China, o presidente norte-americano reiterou que os Estados Unidos ficarão ao lado de Taiwan, ao mesmo tempo que afirmou que Washington não estava a tentar mudar o estatuto do território.

“Não procuramos a independência de Taiwan. Também não deixaremos de defender Taiwan se a China tentar mudar o estatuto unilateralmente”, avisou.

Internamente, apesar de as sondagens mostrarem que os eleitores estão preocupados com a idade de Biden – apenas quatro anos mais velho do que Trump, de 77 anos – o democrata insistiu que é o melhor candidato.

“Posso fazer melhor do que qualquer outra pessoa”, respondeu quando questionado se estava apto para governar para um segundo mandato completo.