O Presidente norte-americano, Joe Biden, nomeou  este domingo como enviado especial dos Estados Unidos para as Questões Humanitárias do Médio Oriente o ex-embaixador David Satterfield, cuja primeira missão será organizar uma resposta urgente à crise humanitária na Faixa de Gaza.

“O enviado especial Satterfield dirigirá a diplomacia norte-americana para urgentemente enfrentar a crise humanitária em Gaza, o que incluirá trabalhar para facilitar o fornecimento de ajuda vital às pessoas mais vulneráveis e promover a segurança dos civis, em coordenação com as Nações Unidas e os parceiros dos Estados Unidos”, anunciou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, num comunicado.

O novo responsável “liderará uma abordagem que inclui todo o Governo para mitigar as consequências humanitárias do ataque terrorista do [movimento islamita palestiniano] Hamas a Israel, apoiando esforços essenciais da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional e do Gabinete da População, Refugiados e Migrações do Departamento de Estado”.

“O seu papel deriva do compromisso de longa data dos Estados Unidos de apoiar a paz e a estabilidade na região” do Médio Oriente, sublinhou o chefe da diplomacia norte-americana.

Em seguida, destacou as características que fazem do antigo embaixador a pessoa ideal para o cargo: “As décadas de experiência diplomática do enviado especial Satterfield e o seu trabalho no contexto de alguns dos mais desafiantes conflitos do mundo serão fundamentais para prosseguir o nosso esforço contínuo de resposta a necessidades humanitárias urgentes”.

“A sua experiência na região estende-se por mais de 40 anos, incluindo missões na Síria, Tunísia, Arábia Saudita e duas passagens pelo Líbano”, salientou, acrescentando que “foi secretário-adjunto interino para os Assuntos do Próximo Oriente, diretor dos Assuntos Árabes e Israelo-Árabes no Departamento de Estado e, entre 1993 e 1996, diretor dos Assuntos do Próximo Oriente no Conselho de Segurança Nacional, onde trabalhou principalmente no processo de paz israelo-árabe”, tendo, desde que deixou o Governo, ocupado o lugar de diretor do Baker Institute for Public Policy da Rice University.

“Aprecio profundamente a disponibilidade do enviado especial Satterfield para assumir este papel e aguardo com expectativa a oportunidade de trabalhar em estreita colaboração com ele nestas novas funções”, concluiu Antony Blinken.

Israel encontra-se em alerta máximo nas suas fronteiras desde 07 de outubro, quando combatentes palestinianos do movimento islamita Hamas atacaram o sul do país em várias frentes a partir da Faixa de Gaza, matando mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, e capturando outras 126, mantidas em cativeiro em Gaza e algumas delas entretanto mortas – segundo o Hamas, pelos bombardeamentos israelitas.

Tratou-se de uma ofensiva apoiada pelo grupo xiita libanês Hezbollah e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.

A forte retaliação israelita matou até agora mais de 2.450 pessoas, incluindo mais de 700 crianças, e feriu pelo menos 9.200 na Faixa de Gaza, um enclave palestiniano pobre desde 2007 controlado pelo Hamas, grupo classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel.

Israel, que impôs um cerco total a Gaza, cortando o abastecimento de água, combustível e eletricidade e planeia uma ofensiva maciça ao norte daquele território palestiniano, emitiu um ultimato para a população civil (cerca de 1,1 milhões de pessoas) o abandonar e se dirigir para o sul – uma deslocação forçada que originou protestos da comunidade internacional e que a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que, para os grupos mais fragilizados, poderá “equivaler a uma sentença de morte”.