A TAP deitada num divã de psicólogo ou psiquiatra daria uma ótima série da Netflix. Mas para os portugueses que injetaram 3,2 mil milhões de euros para salvar a empresa, o negócio é um imenso mar de dúvidas. Deve ficar no Estado ou ser comprada por uma das gigantes europeias? E a venda será mesmo feita em 2024, como era expectável depois de se falhar a expectativa de 2023? Como será o negócio se em março ganhar Pedro Nuno Santos? E se for Luís Montenegro e o PSD a levar a melhor? Uma viagem pelas ‘cinco fases do luto’ da TAP: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.
No próprio documento final entregue ao governo, a Comissão Técnica Independente assume que escolheu a localização para o novo aeroporto de Lisboa contando com os benefícios associados à alta velocidade, mas sem contabilizar os respetivos custos. As duas opções consideradas mais vantajosas, incluindo aquela para a qual a comissão considera que se deve avançar, beneficiaram, portanto, de uma vantagem de peso relativamente às outras. Análise custo-benefício apontaria Portela+Montijo, mas solução ficaria “esgotada” muito depressa, diz a CTI.
As duas opções de localização para o novo aeroporto não passariam na triagem da CTI se não constassem na resolução inicial do governo. Podem agora nem ser consideradas.
O Jornal Económico teve acesso à versão confidencial do plano de reestruturação da TAP, que o NOVO também aqui publica, no qual Bruxelas estima que o equity da companhia em 2025 valerá entre 1.070 e 1.975 milhões de euros. Plano aprovado em dezembro de 2021 prevê injeções do Estado de 3,2 mil milhões.