O presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, apelou hoje à canalização de meios para combater o incêndio que lavra no município, alertando para o risco de as chamas passarem para os concelhos vizinhos de Anadia, Mortágua e Tondela.
“Temos um fogo que sobrou de Sever do Vouga, que entrou no nosso concelho de madrugada, em Lourizela, e que tem um potencial incrível para ser uma coisa brutal”, disse à Lusa o autarca, pelas 15h30.
Jorge Almeida disse que, neste momento, há “muitos bombeiros mobilizados para o local”, auxiliados por seis aviões canadair e máquinas de rasto, mas teme que isso não seja suficiente.
“Esta é a nossa janela de oportunidade para agir. Precisamos indiscutivelmente de estruturação de trabalho, de sermos eficazes (…) O dia só tem mais algumas horas e se houver o vento noturno, como foi costume, os meus prognósticos são péssimos”, afirmou o autarca.
O autarca avisou que se foram ultrapassadas “determinadas margens” o fogo “vai parar muito longe e daqui a alguns dias”, alertando para o risco de o incêndio galgar as fronteiras do município e passar para os concelhos de Anadia, no distrito de Aveiro, e Mortágua e Tondela, no distrito de Viseu.
“É uma mancha florestal incrível. Neste momento tenho alguns focos de incêndio às portas da cidade e estou focado numa coisa que está a mais de 20 quilómetros do centro da cidade”, vincou.
Jorge Almeida criticou também a decisão do delegado de saúde local que, “de forma unilateral e sem falar com ninguém”, mandou encerrar as escolas do concelho.
“Tenho as escolas fechadas e tenho um ar límpido aqui em Águeda, e tenho pessoas que estavam a trabalhar que tiveram de ir para casa cuidar dos filhos”, observou.
O autarca disse ainda estar “fortemente chateado”, com aquilo que disse ser “um caos”, no que diz respeito à problemática dos incêndios florestais e da gestão das florestas em Portugal.
“Isto não é um problema deste ou do anterior governo. Os grandes partidos têm que se unir na criação de soluções para este tipo de problemas. É uma necessidade absoluta que temos de avançar com medidas que efetivamente mudem este estado de coisas”, concluiu.
Sete pessoas morreram e cerca 120 ficaram feridas, das quais 10 em estado grave, devido aos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viseu, que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, já arderam perto de 76 mil hectares.
Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, hoje pelas 12h00, estavam em curso 44 incêndios, dos quais 23 eram considerados ocorrências significativas, que envolviam mais de três mil operacionais, apoiados por perto de mil meios terrestres e 19 meios aéreos.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e alargou até quinta-feira a situação de alerta, face às previsões meteorológicas.