Recentemente a deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, num debate televisivo disse à líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, que as empresas não pagavam impostos.

No fundo, o que a deputada da extrema-esquerda disse é que o cabeleireiro onde vai, os restaurantes onde come, os cafés que frequenta, os supermercados onde se abastece, as lojas de roupa onde se veste, as livrarias onde vai comprar literatura fogem ao fisco e nenhum desses locais paga impostos.

Todas essas empresas, a que Joana Mortágua vai, não pagam IRC (Imposto de Rendimento sobre Pessoas Coletivas), que é o imposto que incide sobre os lucros obtidos no ano anterior e cuja taxa vai dos 16.8% nos Açores até aos 21% em Portugal Continental, se forem empresas de maior dimensão. Não vou alongar-me na explicação do Pagamento Especial por Conta que está diretamente relacionado com o IRC, para não complicar este artigo.

Para além do IRC, as empresas a que a deputada Joana Mortágua recorre também não pagam a derrama municipal, cuja taxa é fixada por cada município. As empresas com lucros superiores a 1.5 milhões têm ainda de pagar a Derrama Estadual que pode ascender aos 7%, mas quanto a essas a dirigente do Bloco de Esquerda deve ter uma lista negra e nem sequer passa no passeio onde se encontram.

A somar a tudo isto, as empresas também têm de contar com a tributação autónoma, mas aparentemente é só mais um imposto que também não deve ser pago.

Para acabar de listar alguns dos muitos impostos que as empresas são obrigadas a pagar e de forma muito simplista é importante referir que se as empresas tiverem viaturas terão de pagar o Imposto sobre veículos (ISV) e o Imposto Único de Circulação (IUC); e se tiverem colaboradores terão de pagar a Taxa Social Única (TSU) por cada trabalhador, cujo valor é de 23.75%. Mas para Joana Mortágua todas as empresas escravizam as pessoas e aquelas que têm viaturas deveriam ser fortemente penalizadas com a criação de um outro imposto intitulado Mortágua II.

Já sabíamos que o Bloco de Esquerda diabolizava as empresas e quem cria postos de trabalho, não sabia era que os bloquistas achavam que a Autoridade Tributária era incompetente. Mas há algo que não bate certo, entre aquelas afirmações e os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Nem Joana Mortágua, nem ninguém do Bloco de Esquerda, certamente lê a informação publicada pelo INE que apresenta estatísticas públicas no que diz respeito à carga fiscal e onde numa das mais recentes publicações, refere: “A receita do imposto do IRC cresceu 13.9% em 2023, após ter crescido 57% em 2022. O aumento nominal de IRC em 2023 foi de 1.075 mil milhões de euros…”

Ora se em 2023, só em IRC o aumento nominal foi de 1.075 mil milhões de euros, das duas uma: ou afinal há empresas que aparentemente pagam impostos; ou o INE está a lançar informação errada e está de conluio com as empresas. No fundo deve ser tudo uma grande cabala e certamente vamos ter a oportunidade de ver Joana Mortágua a revirar os olhos à semelhança da irmã, sempre que lhe perguntavam pela avó.

Nota: Ler este artigo com ironia, porque às vezes rir ainda é o melhor remédio.