Kamala Harris estará esta sexta-feira em Houston, no Texas, acompanhada pela icónica Beyoncé. Nas últimas semanas, Bruce Springsteen esteve em Filadélfia e Eminem em Detroit, ao lado de veteranos do Partido Democrata como Barack Obama ou Bill Clinton. Figuras como George Clooney, Taylor Swift, Usher e Robert de Niro manifestaram publicamente o seu apoio à candidata democrata, enquanto bilionários como Bill Gates, Mark Cuban ou Michael Bloomberg têm contribuído com donativos e discursos em sua defesa. Do lado republicano, embora com menos fulgor, destaca-se Elon Musk, o homem mais rico do mundo, que apoia Donald Trump, acompanhado por Dennis Quaid, Roseanne Barr ou Kid Rock, entre outros.
O apoio de celebridades gera notoriedade, atrai cobertura mediática e provoca momentos virais que amplificam a mensagem da campanha. Em eleições disputadas, como esta, essas influências podem até fazer a diferença. Quando autênticas e com uma imagem consolidada, celebridades conseguem alcançar eleitores menos politicamente engajados, especialmente os mais jovens, mobilizando segmentos que o candidato sozinho teria dificuldade em alcançar.
Historicamente, ambos os partidos recorreram a celebridades nas suas campanhas, sendo que os democratas têm explorado mais esse recurso, devido à preponderância de simpatias democratas nesse meio. A questão, no entanto, permanece: terão estes apoios impacto real no resultado eleitoral? A história regista alguns casos em que sim, embora esses não sejam assim tão comuns e altamente dependentes do contexto.
Em 1960, Frank Sinatra foi uma das primeiras grandes figuras públicas a apoiar abertamente um candidato, ajudando John F. Kennedy a projetar uma imagem de modernidade que se revelou decisiva para vencer Richard Nixon. Em 2008, o apoio de Oprah Winfrey a Barack Obama nas primárias democratas foi considerado fundamental, atraindo o eleitorado afro-americano e feminino e contribuindo para que superasse Hillary Clinton, então favorita à nomeação. Contudo, tais exemplos são exceções. Em 2004, uma mobilização talvez nunca vista anteriormente de celebridades não impediu a derrota de John Kerry face a George W. Bush, e, em 2016, um apoio semelhante não foi suficiente para que Hillary Clinton derrotasse Donald Trump.
Este ano, tanto democratas como republicanos parecem acreditar que as celebridades poderão ter um papel decisivo. O apoio de Taylor Swift a Kamala Harris, amplamente difundido no Instagram, gerou quase tanta atenção mediática quanto o debate em que Harris defrontou o seu opositor. Swift incentivou os seus seguidores a registarem-se para votar, levando mais de 400 mil visitantes ao site de registo eleitoral num único dia, o que pode representar uma mobilização significativa entre millennials e Gen Z, grupos demográficos fundamentais para Harris.
Por outro lado, Elon Musk, cuja influência mediática e financeira não tem qualquer precedente, tem tido uma presença ativa na campanha de Trump. Para além das significativas contribuições financeiras, Musk usa a (sua) rede social X para mobilizar a base de apoio de Trump, promovendo mensagens positivas para o republicano e críticas a Kamala Harris. A sua intervenção vai muito além do mero apoio: representa um recurso estratégico que, em caso de vitória de Trump, Musk poderá legitimamente reivindicar como também sua, não apenas pelo financiamento, mas pelo poder mediático e alcance estratégico que tem oferecido à campanha republicana.
Embora celebridades raramente definam o resultado de uma eleição, esta campanha sugere que, em disputas apertadas, a presença e influência de determinadas figuras, como Taylor Swift e Elon Musk, podem “inclinar a balança” e proporcionar aquele impulso decisivo final.
Assim, restam as perguntas: quem exercerá maior influência nesta corrida? H averá algumas surpresas de última hora? Ao olhar para as sondagens, tudo pode ajudar.
Especialista em política norte-americana