Armando Pereira foi avisado das buscas uma semana antes

O alerta antes do início da operação permitiu que fossem destruídos e escondidos documentos relacionados com os esquemas alegadamente ilícitos de Armando Pereira e de Hernâni Vaz Antunes. O co-fundador da Altice Portugal também revelou que a TVI/CNN lhe pediu um comentário às buscas que só iriam acontecer no dia seguinte.

O co-fundador da Altice Portugal Armando Pereira e o seu braço-direito, Hernâni Vaz Antunes, os principais suspeitos da Operação Picoas, envolvendo um alegado desvio de 250 milhões de euros da multinacional, foram avisados das buscas judiciais uma semana antes de terem ocorrido, avança o Nascer do SOL.

O procurador Rosário Teixeira e o inspetor tributário de Braga Paulo Silva, os líderes da equipa de investigação, que estiveram igualmente presentes no interrogatório, concluíram que, a partir da sexta-feira anterior às buscas, 7 de Julho, e ao início da detenção dos quatro suspeitos, os envolvidos dedicaram-se a destruir documentação relacionada com os esquemas alegadamente ilícitos, enquanto outras provas terão sido colocadas em locais com os quais nenhum deles estava relacionado.

No fim-de-semana anterior ao desencadeamento da operação, Hernâni Vaz Antunes, rumou ao Algarve, enquanto Álvaro Gil Loureiro, contabilista e alegado cérebro de muitas das manobras efectuadas para colocar em paraísos fiscais os ganhos presumivelmente ilícitos de Hernâni Vaz Antunes e Armando Pereira, viajou para o Luxemburgo.

Mas como nada aconteceu nos dias seguintes, Hernâni Vaz Antunes e Álvaro Gil Loureiro regressaram a Braga.

Segundo aviso antes das buscas

Além deste aviso para as buscas uma semana antes de ocorrerem, há um segundo momento em que Armando Pereira é alertado para a operação das autoridades.

De acordo com o Nascer do SOL, durante interrogatório dirigido pelo juiz Carlos Alexandre, na quarta-feira, 21 de Julho, o próprio Armando Pereira revelou que, a 12 de Julho, véspera das buscas realizadas à sua mansão em Guilhofrei (Vieira do Minho) e da sua detenção preventiva, foi contactado pela TVI/CNN Portugal com um pedido de comentário ao que se iria passar.

Neste sentido, frisa o SOL, foi violado o segredo de justiça, desconhecendo-se as circunstâncias. Já fonte próxima ao processo, em declarações ao jornal, considera que esta situação está a causar mal-estar entre a equipa de investigação.

Tal como Armando Pereira, Hernâni Vaz Antunes e Álvaro Gil Loureiro estão igualmente detidos preventivamente. Os investigadores já terão também conseguido recuperar grande parte da documentação que foi ocultada antes das buscas.