A nova lei que pretende endoutrinar as crianças nas escolas portuguesas parte de uma premissa mentirosa: “sexo atribuído à nascença”. A já chamada “lei das casas de banho mistas” baseia todo o articulado e edifício legislativo – donde partem várias diretivas – numa charlatanice. Numa gigante balela que importa desmascarar.

Não há sexo atribuído à nascença. Nem é atribuído, nem é à nascença. Vejamos. Quando alguém nasce não vem nenhuma fada madrinha nem nenhuma bruxa má destinar, com a sua varinha mágica, um condão, um dom ou uma maldição chamado sexo. O sexo não é atribuído. O sexo – masculino ou feminino – não é decidido, oferecido ou escolhido por ninguém. É um facto, um dado biológico. E também não é atribuído à nascença. Já nascemos com o sexo. O sexo é definido na conceção e revela-se ou reconhece-se no teste genético do feto, na ecografia ou até só no parto. O sexo (XX ou XY) é identificado nos exames médicos fetais e constata-se no recém-nascido. Isso sim, seria uma base verdadeira. Ora, um alicerce burlão não é um detalhe nem uma minudência de juridiquês. É dado como um axioma que informa todo o rendilhado legislativo e que permite chegar a coisas tão extraordinárias como os tais balneários mistos onde as meninas perdem a sua segurança e privacidade, o “sexo auto-atribuído” que permite livre acesso a competições desportivas do sexo oposto (bem como a quaisquer “atividades diferenciadas por sexo”), ou a anulação do arbítrio e do consentimento dos pais quanto a matérias tão sensíveis.

Mas porquê transmitir mentiras a formadores e propalá-las nas escolas a seres humanos em formação? Sexo atribuído à nascença? Que banha da cobra é esta? Para que servirá, então, um estabelecimento escolar? Para lavar o cérebro a tenros menores de idade? E o que se segue? Criacionismo ? Terraplanismo? Sexo atribuído à nascença não é biologia. É ideologia. No fundo, o domínio onde tudo é possível, até uma mesma coisa e o seu contrário.

Quem controlar a libido humana pode subjugar a humanidade e esta maquinação lembra os capados de tantos impérios, como na China Milenar, sobretudo com o Imperador Yongle. Foi ele que criou a posição militar de Grande Eunuco, elevando-os a comandantes navais, capitaneando os grandes barcos do Tesouro enviados aos países e reinos do oceano Pacífico e do Índico. Mas os desapossados da sua sexualidade foram usados em muitas sociedades que os criavam para servos leais e subservientes, libertos de laços familiares e outras responsabilidades, totalmente dependentes dos chefes para a sua subsistência, sem desejo nem sonho, desumanizados. Colmeias de operários estéreis, subjugadas à abelha rainha que suga toda a geleia real e tem o exclusivo da reprodução.

Eunuco, do grego antigo composto das palavras que significam “cama” e “vigiar”. Ou seja, “vigilante da cama”. É que nesta sociedade de crescente controlo totalitário dos cidadãos só faltava mesmo isto: dominarem-nos entre os lençóis. Durmam bem.

CASO SÉRIO
Questionado sobre o caso do sacerdote que abusou de uma criança e gozou do silenciador dos Cardeais Patriarcas de Lisboa, Marcelo declarou: “O juízo que formulo sobre D. Policarpo e D. Clemente é o de que não vejo em nenhum deles nenhuma razão para considerar que pudessem ter querido ocultar da justiça a prática de um crime.” Agora chegou a altura da Igreja lhe pagar o favor e o bispo Ornelas declarou que “cunhas que salvam crianças não fazem mal a ninguém”. Eis um especialista em vários tipos de corrupção.

Ativista política

Artigo publicado na edição do NOVO de sábado, dia 23 de dezembro