Angola arresta aviões, prédios em Wall Street e Dubai, um Lamborghini e um SPA

Da lista de bens arrestados por Angola constam também camiões, escolas, vivendas no Algarve, apartamentos de luxo em Lisboa, Cascais e Santarém.

Angola apreendeu e arrestou bens de luxo como aviões, edifícios em Wall Street e Dubai e um Lamborghini, mas também um centro para estágios de futebol e um SPA, no âmbito do combate à corrupção.

Estes bens e ativos, que não estão ainda a ser geridos pelo governo de Angola, aguardando uma decisão judicial definitiva, constam da lista atualizada disponível no site da Procuradoria-Geral da República de Angola, separados por bens apreendidos, arrestados e recuperados.

A lista, consultada hoje pela Lusa, apresenta 219 bens e ativos recuperados, 167 arrestados e 521 apreendidos, incluindo mais de 500 milhões de euros em dinheiro em Portugal, país onde Angola deverá passar a gerir vários imóveis em Lisboa, Porto e Santarém, um apartamento em Rio de Mouro, nos arredores da capital, e vivendas no Algarve, entre outros, caso ganhe os processos que correm em tribunal.

O site da PGR apresenta a descrição do bem, o valor, o fiel depositário, a situação atual e o ano, não especificando quem era o anterior proprietário, sendo que, por exemplo, entre os bens apreendidos estão 30 relógios no valor de 2,6 mil milhões de dólares que estão desde 2021 ‘à guarda do fiel depositário’, o Banco Nacional de Angola, ou o condomínio Tambarino, em Benguela, no valor de 138 milhões de dólares, cujo fiel depositário é o Banco de Poupança e Crédito.

Entre os bens apreendidos está um Lamborghini, apreendido em 2021 que, à semelhança de outras dezenas de veículos de marcas de luxo, iates, camiões, motas de água, atrelados e jipes, aguarda ainda avaliação.

Para além dos veículos, Angola arrestou também, no âmbito do combate à corrupção, camiões, escolas, vivendas no Algarve, apartamentos de luxo em Lisboa, Cascais e Santarém, um parque de estacionamento em Huíla, dezenas de hotéis, um centro de tratamentos e SPA, um centro de hemodiálise em Luanda, 49% das ações do Standard Bank em Angola (no valor de 117 milhões de euros) e até um centro de estágio de futebol em Cacuaco, que está afeto a uma instituição pública.

Entre os bens arrestados pelas autoridades angolanas estão, de acordo com a lista disponível no site da PGR, várias aeronaves, um hotel na China avaliado em 25 milhões de dólares, dois edifícios no valor de 130 milhões de dólares em Singapura, para além do ativo mais valioso de toda a lista, o edifício de quatro andares em Wall Street, Nº 23, avaliado em 450 milhões de dólares, arrestado no ano passado, e cujo fiel depositário é a China Sonangol International.

Isto, claro, para além de muitos milhões de dólares, libras, euros e kwanzas, dos quais mais de 500 milhões de euros foram arrestados em Portugal, em apreensões que vão desde os 484 euros até montantes muito significativos, com valores únicos de 51,9 milhões de euros, 71,9 milhões ou de 102,6 milhões de euros, a apreensão única mais valiosa em Portugal na lista dos ativos arrestados, disponível no site da PGR.

Entre os ativos arrestados estão também os 26% das ações da NOS, que se juntam aos 42,5% das ações do Banco Euro BIC, 51% das participações sociais no Banco Fomento Angola e 42,5% das ações no Banco BIC, cujos fiéis depositários são os conselhos de administração das empresas.

A lista do Serviço Nacional de Recuperação de Ativos (Senra), publicada na segunda-feira, inclui 219 bens e ativos recuperados, apreendidos ou arrestados, parte dos quais relacionados com processos ainda em curso, num total de 19 mil milhões de dólares (17 mil milhões de dólares).

Destes, 7 mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros) correspondem a bens recuperados e cerca de 12 mil milhões de dólares (10,6 mil milhões de euros) foram apreendidos ou arrestados.

Na semana passada, a diretora do Serviço Nacional de Recuperação de Ativos (Senra), Eduarda Rodrigues, disse que foram identificados, nos dois últimos anos, mais 24 mil milhões de dólares (21 mil milhões de euros) nos processos em investigação sobre recuperação de bens, soma que agora ascende a 70 mil milhões de dólares (62 mil milhões de euros).