André Ventura garantiu esta quinta-feira que António Maló de Abreu será excluído das listas de candidatos a deputados caso se confirme  “que recebeu abusivamente” subsídios por ter declarado a sua residência em Luanda aos serviços do parlamento.

O líder do Chega respondia aos jornalistas na Assembleia da República sobre uma notícia da revista Sábado, que dá conta que Maló de Abreu terá recebido cerca de 7.500 euros em subsídios e ajudas de custo por ter declarado residência em Luanda, apesar de morar em Lisboa.

“Logo que tomei conhecimento desta notícia, esta manhã, pedi para questionar o deputado Maló de Abreu sobre esta situação, que nos garantiu que a sua residência é efetivamente onde a declarou, uma vez que é deputado fora da Europa” e que “a sua vida e o seu círculo social e pessoal está em Luanda”, afirmou.

André Ventura afirmou ainda que, “se descobrir que recebeu abusivamente valores e que a sua residência não era em Luanda e que o seu círculo não era em Luanda”, Maló de Abreu “de certeza que não será” candidato a deputado pelo Chega.

“Se houver, e se eu tiver acesso a esses elementos, o mínimo vestígio de abuso ou de fraude, comigo não vão ter duas bitolas. Se isso acontecer, o deputado não estará nas listas do Chega, que ainda não foram entregues”, garantiu.

André Ventura não especificou, no entanto, se a sua avaliação sobre este caso incidirá apenas sobre a legalidade ou se será alargada a uma eventual falha ética por parte de Maló de Abreu, ex-deputado do PSD e atual candidato do Chega.

De acordo com a Sábado, Maló de Abreu viveu “maioritariamente entre Lisboa e Coimbra” ao longo desta legislatura.

André Ventura sustentou que “qualquer pessoa que beneficie indevidamente de fundos do Estado, tentando ludibriar ou criar fraude à lei, não pode ser candidato pelo Chega”.

“Ando há anos a atacar isto, não posso permitir que isto aconteça no meu próprio partido”, apontou, indicando estar “à espera de saber se é verdade ou não” para decidir se Maló de Abreu vai continuar a ser o cabeça de lista do Chega pelo círculo Fora da Europa.

Ainda assim, o presidente do Chega indicou que Maló de Abreu lhe transmitiu que “toda a residência efetiva decorre em Luanda” e que “não recebeu nenhum valor indevido e até recebeu menos do que poderia ter recebido”.

Ventura disse também que não perguntou ao deputado quando se deslocou a Luanda pela última vez.

“Perguntei-lhe se isto [a notícia] era verdade e ele transmitiu-me que não. Obviamente o Chega fará o seu trabalho e pediu os seus elementos”, afirmou.

Quando foi confrontado com esta notícia, o presidente do Chega começou a sua resposta dizendo achar “estranho é o PSD não ter fiscalizado esta situação”.

“Acho estranho que um deputado de um partido como PSD tenha estado alegadamente a receber subsídios indevidos e ninguém tenha visto nada”, acrescentou.