O Algarve, região encantadora a sul de Portugal, reconhecida pelo seu clima ameno, praias e paisagens costeiras deslumbrantes, revelando-se um destino turístico de sucesso. Mas serão estes atrativos o suficiente para reter e atrair os jovens para esta região?

Analisando os dados referentes aos anos de 2011 e 2021, eis que se observa uma preocupante redução de 4% da população jovem residente no Algarve, na faixa etária dos 20 aos 34 anos, contrariamente à tendência observada na faixa etária superior a 50 anos, onde se verificou um aumento de 7%, no mesmo período, evidenciando assim uma disparidade demográfica.

Outro facto interessante prende-se com o número de habitantes residentes no Algarve. Apesar do aumento populacional de 4% verificado em 2021, face a 2011 (469 938 habitantes em 2021), verificou-se que este crescimento concentrou-se, predominantemente, nas faixas etárias mais velhas, indicando que, de facto, não só não estamos a conseguir reter os jovens algarvios nesta região, como não conseguimos atrair jovens para a mesma.

Já no aspeto económico, em 2021, o Algarve contribuiu com 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, impulsionado, principalmente, pelo setor do turismo. No entanto, a dependência excessiva deste setor, caracterizado pela forte sazonalidade e pela falta de diversidade nos postos de trabalho, revelou-se uma vulnerabilidade durante a crise sanitária da pandemia COVID-19. Contudo, três anos após a mesma, a região permanece ancorada no turismo, mantendo-se o tecido produtivo inalterado, não existindo diversidade de oportunidades profissionais.

Esta falta de diversidade profissional entra em conflito com a ampla oferta formativa das universidades locais, que vai muito além da formação na área do turismo. Entre 1985 e 2019, houve um impressionante aumento, em 983%, do número de indivíduos com formação superior na região do Algarve, refletindo a tendência nacional de ingresso no ensino superior. No entanto, a incapacidade do mercado regional em absorver esses profissionais, evidencia a necessidade urgente de alinhar a oferta formativa com as necessidades regionais.

Para reverter esta tendência negativa, é imperativo desenvolver estratégias e políticas de âmbito regional que se foquem nos problemas estruturantes que continuam a atrasar o desenvolvimento da mesma. Isso inclui o incentivo ao empreendedorismo, a atração de empresas tecnológicas e a criação/ fixação de polos de investigação em diversas áreas de desenvolvimento. O investimento na diversificação do emprego é crucial para tornar o Algarve mais resiliente e economicamente sustentável.

Eis que chegou a hora de transformar o Algarve numa região mais equitativa, competitiva, especializada, inclusiva e desenvolvida. Somente assim será possível inverter a tendência negativa observada na população jovem nos últimos anos, proporcionando um futuro mais promissor para o Algarve.

Nota: Este artigo apenas expressa a opinião do seu autor, não representando a posição das entidades com as quais colabora. Os dados apresentados provêm do Instituto Nacional de Estatística e do PORDATA – Estatísticas sobre Portugal e Europa.