A Alemanha queixou-se esta sexta-feira de que a presidência húngara do Conselho da União Europeia provocou “muitos danos” apenas 12 dias depois do seu início, aludindo à viagem do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, a Moscovo.
“Temos de ver como continua a presidência húngara do Conselho. Estamos no dia 12 e já causou muitos danos”, comentou o porta-voz ajunto do Governo alemão, Wolfgang Buechner.
O porta-voz explicou que a iniciativa de Orbán de se deslocar a Moscovo para reunir com o Presidente Vladimir Putin foi recebida com “perplexidade e ceticismo” e, tal como fizeram outros parceiros europeus, insistiu que, embora o primeiro-ministro húngaro possa viajar para onde quiser, não pode falar em nome da União Europeia (UE).
“O que não é aceitável é que viaje dando a impressão de que o faz em nome de alguém”, referiu Buechner.
A reunião de Orbán com o Presidente russo, na semana passada, não agradou aos seus aliados europeus, que sublinharam que aquela reunião nada teve a ver com a presidência rotativa do Conselho da UE que a Hungria ocupa durante os próximos seis meses.
A Suécia confirmou que os seus ministros, em protesto, não viajariam para a Hungria para participar nas reuniões ministeriais informais do Conselho, este mês.
Além da Suécia, também a Finlândia, a Estónia, a Letónia e a Polónia estão a ponderar aderir a este boicote, segundo a ministra sueca dos Assuntos da União Europeia, Jessika Roswall.
Por seu lado, Orbán – que recentemente visitou Kiev pela primeira vez desde o início da invasão russa – explicou que o objetivo dessa reunião foi conhecer em primeira mão as opiniões de Putin sobre o futuro da guerra na Ucrânia, enquadrando a deslocação a Moscovo numa “missão de paz”.
Desde 01 de julho, a Hungria exerce a presidência rotativa do Conselho da UE, um papel que coordena o trabalho legislativo mas não lhe permite falar em nome dos europeus na cena internacional.
Na quinta-feira, Órban encontrou-se com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Florida. “Discutimos formas de fazer a paz”, disse Viktor Orbán numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter) na quinta-feira à noite, acompanhada por uma fotografia do encontro entre os dois líderes na residência de Donald Trump em Mar-a-Lago.
“A boa notícia do dia: ele vai resolver o problema”, acrescentou, sem dar mais pormenores sobre o encontro, que decorreu depois de o governante húngaro ter participado na cimeira da NATO, em Washington. Antes, Orbán deslocou-se também a Kiev e Pequim, onde alegou querer encontrar uma solução para a guerra na Ucrânia.