“Este processo acabou aqui”, disse Magalhães e Silva (na foto), advogado de Lacerda Machado, mostrando-se indignado com o modo como o Ministério Público está a conduzir a Operação Influencer. “Os magistrados do Ministério Público têm de se envergonhar”, acrescentou, quando deixava o Campus de Justiça, em Lisboa, depois de o juiz de instrução criminal Nuno Dias da Costa ter mandado em liberdade todos os cinco arguidos detidos. Magalhães e Silva, defensor do amigo de António Costa, foi perentório: “Nada disto tem a ver com o primeiro-ministro.”

Já o advogado Tiago Félix da Costa, advogado de Rui Oliveira Neves, administrador da empresa Start Campus, declarou que a “falta de indícios” levou à queda do crime de corrupção.

À saída do Campus de Justiça, o advogado referiu-se à decisão do juiz de instrução como uma derrota para o Ministério Público.

“O Ministério Público reconheceu que, sobre Rui Oliveira Neves, o crime de corrupção não estava fortemente indiciado. O juiz confirmou o mesmo em relação aos restantes arguidos”, declarou Tiago Félix da Costa.

“Acho que este processo é um bom prenúncio para se fazer uma reflexão profunda sobre a justiça”, observou.

No final do interrogatório aos cinco arguidos, ficou-se a saber que os crimes de corrupção ativa e passiva acabaram por cair, assim como os crimes de prevaricação. Sobrou, grosso modo, o crime de tráfico de influência, sendo que este é dos mais difíceis de provar em julgamento. “O próprio MP reconheceu que os crimes de corrupção não estavam fortemente indiciados”, explicou o advogado de Rui Oliveira Neves, sendo este um dos detidos indiciado por corrupção, juntamente com Lacerda Machado (corrupção ativa) e Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, este por corrupção passiva.

Foi dado “um primeiro passo para confirmar a inocência” dos arguidos na Operação Influencer, garantiu Tiago Félix da Costa, frisando: “É uma vitória para a justiça.” O advogado pediu uma “reflexão” ao Ministério Público – um pedido também feito depois por Magalhães e Silva, advogado de Lacerda Machado.

Os cinco arguidos estavam detidos desde terça-feira da semana passada e ficam a aguardar julgamento em liberdade. Segundo as medidas de coação, conhecidas esta segunda-feira, os arguidos não são suspeitos de corrupção nem de prevaricação, e Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária ficam obrigados a não sair do país.

O juiz Nuno Dias da Costa decretou termos de identidade e residência para o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, assim como para os administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, acusados de dois crimes de tráfico de influência e oferta indevida de vantagem.

Já o ex-chefe do gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, e o advogado Diogo Lacerda Machado, acusados de tráfico de influências, não podem sair de Portugal e têm de entregar o passaporte no tribunal nas próximas 24 horas. No caso de Lacerda Machado, que António Costa rejeitou como amigo no sábado, foi ainda decretada uma caução de 150 mil euros, a pagar no prazo de 15 dias.

A Start Campus, empresa promotora do centro de dados em Sines, que também é acusada de dois crimes de tráfico de influência e oferta indevida de vantagem, tem de pagar uma caução de 600 mil euros.