A Rússia é conhecida com o cognome de “urso”. Já é uma tradição muito antiga e a sua delicadeza e grande tacto confirmam o epíteto. Portugal não teve ainda uma relação próxima o suficiente que conseguisse sentir, diretamente, a pata do urso. Mas já faltou mais. Soube-se, recentemente, pelas palavras proferidas pelo chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Gouveia e Melo, que Portugal tem sofrido com alguns distúrbios e situações desagradáveis com aviões e navios russos. Para quem tinha saudades da Guerra Fria, pode sentir a satisfação apoderar-se do seu ser paulatinamente. Imagino o júbilo a chegar à sede do PCP: finalmente o seu sonho de tornar Portugal numa província russa é possível. Porque a situação promete escalar se não houver controlo. E dificilmente haverá: com o pacto técnico e militar assinado entre a Rússia e países africanos de expressão portuguesa, a presença de navios russos na Zona Económica Exclusiva e a sua condução agressiva e provocatória vai crescer de forma exponencial. Com a parceria “sem limites” entre a Rússia e a China, não serão só Taiwan e Ucrânia que ficarão mais fragilizadas: a Europa também.

Tudo indica que estamos a caminhar para um abismo chamado Terceira Guerra Mundial; por enquanto, vivemos uma Segunda Guerra Fria. A França e os Países Baixos já compreenderam que a China não vai ceder na ajuda à Rússia, porque ela mesma precisa da normalização da invasão na Ucrânia e o reconhecimento mundial da Crimeia como russa para conseguir anexar Taiwan. Boicotar a China está a implicar o aumento dos preços e do custo de vida nos seus próprios países, mas é este o preço a pagar pela democracia e pela independência. A Europa está a compreender que terá de militarizar-se urgentemente. As águas do Atlântico já não parecem tão seguras, e as Forças Armadas Portuguesas já começam a perceber isso. E o governo, terá essa noção?